Download do livro - Faculdade de Direito - Universidade de Coimbra
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Fernanda Paula OliveiraDesta forma, e tal como sustenta Fernan<strong>do</strong> Alves Correia, “odano material suporta<strong>do</strong> pelo expropria<strong>do</strong> é ressarci<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma formaintegral e justa, se correspon<strong>de</strong>r ao valor comum <strong>do</strong> bem expropria<strong>do</strong>ou, por outras palavras, ao respectivo valor <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ou ainda aoseu valor <strong>de</strong> compra e venda” ( 134 ).Isto significa que o critério escolhi<strong>do</strong> pelo legisla<strong>do</strong>r para <strong>de</strong>finirjusta in<strong>de</strong>mnização foi o <strong>do</strong> valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>: valor venal ou valor <strong>de</strong>compra e venda, ou seja, a quantia que teria si<strong>do</strong> paga pelo bem se estetivesse si<strong>do</strong> objecto <strong>de</strong> livre contrato <strong>de</strong> compra e venda, <strong>de</strong>sconta<strong>do</strong>sos valores especulativos ( 135 ). Ou, dito <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>, a in<strong>de</strong>mnizaçãohá-<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r a um valor que permita ao expropria<strong>do</strong> adquiriroutro <strong>de</strong> igual valor, espécie ou qualida<strong>de</strong>, traduzin<strong>do</strong>-se, assim, numvalor <strong>de</strong> substituição.Vários foram os argumentos utiliza<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong>s anos pela<strong>do</strong>utrina para <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> que a in<strong>de</strong>mnização ou compensação integral<strong>de</strong>ve ser calculada com base no valor <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> ou valor venal <strong>do</strong> bem.Em primeiro lugar, o cumprimento <strong>do</strong> princípio da igualda<strong>de</strong>.Em segun<strong>do</strong> lugar, a garantia constitucional da proprieda<strong>de</strong> privada, aqual impõe, no caso <strong>de</strong> expropriação, que seja mantida a consistênciapatrimonial <strong>do</strong> proprietário, transforman<strong>do</strong>-se a garantia da proprieda<strong>de</strong>em garantia <strong>do</strong> seu valor. Em terceiro, e último, o argumento <strong>de</strong>que é necessário evitar o <strong>de</strong>sequilíbrio que po<strong>de</strong>ria provocar no merca<strong>do</strong>uma avaliação da proprieda<strong>de</strong> que fosse diferenciada consoantea transferência da mesma se operasse coactivamente ou por meio <strong>de</strong>contrato livre ( 136 ).Conforme <strong>de</strong>corria <strong>do</strong> preâmbulo <strong>do</strong> anterior Código das Expropriações(Decreto-Lei n.° 438/91, <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> Novembro), no cálculo <strong>do</strong>valor real ou <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s solos expropria<strong>do</strong>s tomou-se em consi<strong>de</strong>-( 134 ) Fernan<strong>do</strong> Alves Correia, As Garantias <strong>do</strong> Particular na Expropriação por Utilida<strong>de</strong>Pública, cit., p. 129; “A Jurisprudência <strong>do</strong> Tribunal Constitucional”, cit., p. 36.( 135 ) Neste senti<strong>do</strong>, vi<strong>de</strong> Acórdão da Relação <strong>de</strong> Lisboa, <strong>de</strong> 2 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1994 (Colectânea<strong>de</strong> Jurisprudência, ano XIX 1994, Tomo II, 109), nos termos <strong>do</strong> qual se afirma que “…ovalor da justa in<strong>de</strong>mnização <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r ao valor real e corrente em economia <strong>de</strong> merca<strong>do</strong><strong>do</strong> bem expropria<strong>do</strong>, ou seja, ao valor que o expropria<strong>do</strong> obteria se o bem fosse vendi<strong>do</strong>em merca<strong>do</strong> livre a um compra<strong>do</strong>r pru<strong>de</strong>nte”. (Vi<strong>de</strong> também, Acórdão da Relação <strong>do</strong> Porto, <strong>de</strong>17 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1989, Boletim <strong>do</strong> Ministério da Justiça, 383, 609).( 136 ) Fernan<strong>do</strong> Alves Correia, Fernan<strong>do</strong> Alves, O Plano Urbanístico e o Princípio daIgualda<strong>de</strong>, cit., p. 539, nota 133.138