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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

INSTRUÇÕES<br />

CAPÍTULO 40<br />

Não é possível, em todas as circunstâncias, conformar-se à regra habitual,<br />

mas é preciso observar as circunstâncias, e esforçar-se por cumprir da<br />

melhor forma os mandamentos então praticáveis. Estas circunstâncias<br />

tampouco escapam aos demônios. Deste modo eles tumultuam as coisas<br />

contra nós para que nos desviemos do que deve ser feito, e nos<br />

constrangem a fazer o que não se deve. É assim que eles impedem os<br />

doentes de dar graças por seus sofrimentos, e de suportar pacientemente os<br />

que os servem; em revanche, eles os exortam, embora fracos, a praticar a<br />

abstinência e, por exaustos que estejam, a salmodiar em pé.<br />

O espírito do monaquismo em Ceta que encontramos nos textos de Evagro<br />

estava longe de conceber a vida espiritual dentro de um quadro de regra<br />

obrigatória para todos (cf. H.L., VII, 2). Somente a vida em comum de um<br />

grande número de homens, algumas vezes num espaço restrito, como em certos<br />

mosteiros, viria a tornar inevitável o uso de uma regra escrita (cf. H.L., XXXII,<br />

3). Evagro e os homens de Nitria, de Ceta e de Kelia não conheciam senão o<br />

exemplo comprovado dos Padres cujos “ditos” e histórias bastavam como<br />

testemunho. Sob este estado ideal cada qual ajustava sua vida, segundo o<br />

permitiam suas forças (cf. infra 91-100). O que se entende por “regra habitual”,<br />

era assim a regra de vida pessoal, o kanon, como hoje em dia se chama no<br />

Oriente. Ela concerne sobretudo à abstinência e à oração.<br />

Os demônios procuram de todos os modos arrancar o monge desta “regra<br />

habitual”. Por exemplo, pressionando para que ele se ligue em juramento àquilo<br />

que é “totalmente estranho à vida monástica” (Ant., I, 27). Aqui, com efeito, é a<br />

liberdade evangélica que reina. É ela que permite eventualmente ao monge<br />

comer várias vezes ao dia (ao invés de uma só) por motivo de hospitalidade, ou<br />

por estar doente (R.M., 10). Outra astúcia dos demônios consiste em dissuadir o<br />

monge de fazer algo no momento e na medida apropriada (cf. Pr., 15).<br />

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