Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf
Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?
Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?
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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />
suprema renúncia, ele finge ser econômico e amigo dos pobres; ele acolhe<br />
generosamente os hóspedes que não são tão pobres assim, envia auxílio a<br />
outros que são abandonados, visita as prisões da cidade, resgata os que<br />
foram postos à venda; ele não larga as mulheres ricas e lhes indica<br />
aqueles que devem ser bem tratados; aos que possuem uma bolsa rica ele<br />
exorta a que a abandonem. E assim, após haver pouco a pouco enganado<br />
a alma, ele a encerra em pensamentos de avareza e a entrega ao demônio<br />
da vanglória. (M.C., 22)<br />
Desta forma, “o estado final deste homem torna-se pior do que o primeiro” (Mt.,<br />
XII, 45), segundo as próprias palavras de Cristo (cf. M.C., 15).<br />
O elogio da não-posse tem uma razão profunda (abstração feita, evidentemente,<br />
à do amor ao próximo que está explícita aqui): o cuidado com a pureza da alma<br />
(cf. Or., 119).<br />
Um monge que não possui nada é como um atleta que não oferece pegada,<br />
como um corredor ligeiro que chega prontamente, o primeiro ao “prêmio<br />
do chamado do alto” (Fil., III, 14) (O. Sp., [VIII] 3,10)<br />
No capítulo 99, Evagro volta ao mesmo tema, e, no capítulo 97, ele cita um belo<br />
exemplo deste “desprendimento” verdadeiramente evangélico que faz daquele<br />
que o possui “uma águia em pleno céu: quando ele desce em busca de alimento,<br />
é apenas porque a necessidade o obriga” (O. Sp., [VII] 3,5).<br />
CAPÍTULO 19<br />
Aquele que fugiu a todos os prazeres do mundo é uma cidadela inacessível<br />
ao demônio da tristeza. A tristeza, de fato, é a frustração de um prazer,<br />
presente ou aguardado; é impossível repelir este inimigo se mantivermos<br />
uma ligação passional com tal ou tal bem terrestre; pois ele joga sua rede e<br />
produz a tristeza, precisamente para onde vê que se dirige nossa inclinação.<br />
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