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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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TRATADO PRÁTICO<br />

Corpo de Cristo: as virtudes práticas. Quem se alimenta dele torna-se<br />

impassível. Sangue de Cristo: contemplação do criado. Quem bebe dele<br />

torna-se sábio. Peito do Senhor: conhecimento de Deus. Quem nele<br />

repousa torna-se teólogo. (Mn., 118-120)<br />

A praktiké, também chamada ethiké (in Prov., I, 1/G.2) é “o método espiritual<br />

que purifica a parte passional da alma” (Pr., 78) e conduz os homens à<br />

impassibilidade (Pr., 81) que é a “saúde natural da alma” (Pr., 56). Ela é<br />

adquirida pelo exercício das virtudes na observância dos mandamentos (Pr., 81)<br />

e, por esta razão, estas virtudes são chamadas de “práticas”, por pertencerem à<br />

praktiké. O que Evagro entende pelos termos de physiké e theologiké, os dois<br />

capítulos seguintes nos deixarão entrever.<br />

CAPÍTULO 2<br />

O reino dos céus é a impassibilidade da alma, acompanhada da verdadeira<br />

ciência dos seres.<br />

Nas duas expressões, em si sinônimas, Reino dos Céus (Mt., III, 2 etc.) e Reino<br />

de Deus (Mc., I, 15 etc.), Evagro percebe, como outros Padres, um retorno<br />

subjacente aos dois aspectos distintos, segundo são Paulo, da história da<br />

salvação (1 Co XV, 24-28), a saber sua realização por Cristo – e por isso Evagro<br />

pode também usar o termo “Reino de Cristo” – e seu acabamento pelo Pai,<br />

quando Deus “será tudo em todos” (1 Co, XV, 28).<br />

Não creiam, irmãos, que o Reino dos Céus seja algo diferente da<br />

verdadeira consciência das realidades, consciência que as divinas<br />

Escrituras chamam também de “beatitude”. Se, de fato, “o Reino dos<br />

Céus está dentro de nós” (Lc., XVII, 21) e se em volta do “homem<br />

interior” (Rom., VII, 22) nada há que possa se constituir numa<br />

contemplação, então o Reino dos Céus pode ser uma contemplação. (Ep.<br />

Fid., XII, 9-13)<br />

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