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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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PRÓLOGO<br />

‘dá sombra’ a todos os que estão queimados pelo ‘forte calor’ (Gen.,<br />

XXXI, 40) do mal.” (Ep., LIV, 2)<br />

Pois o “forte calor que resulta da prática” (in Prov., XIX, 12 / G.195) só pode<br />

suportar aquele cujo coração é puro das paixões e no qual cresce a árvore da<br />

vida, Cristo, que o “protege” (Pr., XXX; LIV). Este é um tema caro a Evagro e<br />

sobre o qual ele volta muitas vezes.<br />

“[A sabedoria] ‘é uma árvore da vida para todos os que se abraçam a<br />

ela’. Depois da transgressão, foi proibido a Adão provar os produtos<br />

‘desta árvore’ (cf. Gen., III, 22), porque ‘da árvore da vida nascem os<br />

frutos da justiça’ (Prov., XI, 30). [Mas Adão ‘rejeitou as sementes da<br />

justiça’ (in Prov., XI, 30 / G.132)]. Se a ‘árvore da vida’ é a sabedoria de<br />

Deus, é justo que ele tenha sido proibido de tocar nesta árvore (cf. Gen.,<br />

III, 33), pois é dito que ‘a sabedoria não entrará na alma malfeitora’ (Sab.<br />

I, 4).” (in Prov., III, 18 / G.32)<br />

O que Evagro quer dizer com este discurso bíblico-simbólico é claro: sem o<br />

auxílio de Cristo, Logos de Deus feito homem, toda e qualquer vida espiritual é<br />

impossível. Por si só o homem é incapaz de levar a cabo com sucesso as obras<br />

da praktiké (cf. Pr., 33). A vida espiritual consiste em apoiar-se em Cristo numa<br />

“imitação” (M.C., 14; cf. Ep., LVI, 9) que deve chegar até a “semelhança” (in<br />

Ps., LXXXVIII, 46).<br />

[8] Estas são as realidades das quais as vestimentas são, como num resumo,<br />

o símbolo (...)<br />

Esta interpretação do hábito monástico (schema), espiritual e simbólica, é<br />

apresentada por Evagro explicitamente como um ensinamento dos Padres, já<br />

como uma tradição recebida. Não temos nenhuma razão para duvidarmos disto.<br />

Evagro vivia em um meio muito culto no qual muito cedo, provavelmente, já<br />

havia sido elaborada uma reflexão não apenas sobre a essência do monaquismo<br />

como também sobre o significado do hábito monástico e de suas diferentes<br />

partes. Que se tenha bebido, para tanto, da velha sabedoria alexandrina, mesmo<br />

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