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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

Contra o pensamento fútil (da gula) que quer nos convencer a exceder a<br />

medida de nosso gênero de vida; de partir para o deserto, os rins cingidos<br />

por um saco; de viver ao ar livre, comendo as raízes do deserto; que nos<br />

aconselha ainda a fugir da vista dos homens, dos que nos trazem consolo e<br />

dos que consolamos... (Ant., I, 37)<br />

Sempre com este objetivo, o demônio não hesita em nos mostrar exemplos<br />

bíblicos, como o de Daniel; ou em nos provocar a rivalizar com heróis tais como<br />

João Batista ou Antônio o Grande – isto, no caso da acídia, em que usam a<br />

mesma tática (cf. M.C., 25). É importante sabermos que o próprio Evagro uma<br />

vez sucumbiu a este maximalismo imprudente (cf. H.L., XXXVIII, 11); ele fala<br />

por experiência própria.<br />

O que se deve fazer aqui é o que Evagro colocou no capítulo 22: não discutir<br />

com os demônios, mas simplesmente fazer o contrário do que eles aconselham.<br />

CAPÍTULO 41<br />

Quando somos obrigados a passar algum tempo nas cidades ou nos<br />

vilarejos, mais ainda devemos nos agarrar fortemente à abstinência ao<br />

frequentarmos os seculares, de medo que nosso intelecto, embaçado e<br />

privado de sua vigilância habitual pelas circunstâncias que se apresentam,<br />

não haja contra nossa vontade e se torne um fugitivo, atingido pelos golpes<br />

dos demônios.<br />

Os anacoretas era às vezes levados a abandonar sua solidão e viajar às cidades e<br />

vilarejos, seja para vender seus trabalhos, seja por qualquer outras razões.<br />

Evagro só o fazia a contragosto e recusava energicamente até responder aos<br />

convites que o pudessem obrigar a isso (cf. EP., 26). E ele tinha uma razão bem<br />

simples para faze-lo.<br />

Não podemos chegar a viver como monges e ao mesmo tempo continuar a<br />

frequentar as cidades, por medo que a alma se encha de imagens,<br />

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