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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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162<br />

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

Qualquer que seja a sua espécie, os pensamentos de tentação, em si, não são<br />

pecados. Seu vaivém não depende de nós. O que depende de nós, ao contrário, é<br />

o fato de eles se demorarem, que dá ensejo à paixão (cf. Pr., 6). O pecado reside<br />

assim no consentimento de nosso livre arbítrio (autexosion) (cf. in Eccl., VI, 10-<br />

12/G.52, 8ss).<br />

A fé é um consentimento racional do livre arbítrio da alma. (in Ps., CXV,<br />

1a)<br />

Enquanto que:<br />

... o pecado do gnóstico é a falsa ciência dos objetos em si ou de sua<br />

contemplação, que é engendrada por uma paixão qualquer, ou porque sua<br />

busca não tem em vista o bem... (Gn., 43)<br />

o “pecado do monge”, do praktikos, num grau inferior da vida espiritual, é o<br />

livre consentimento desta mesma paixão, ou do prazer que ela promete. Evagro<br />

retorna a este tema muitas vezes.<br />

“Salve-me (...) das mãos dos estrangeiros”: a “mão estrangeira” é o<br />

pensamento que nasce na parte passional da alma e que paralisa o<br />

intelecto; mas esta mão atinge os praktikos, enquanto que a mão que<br />

atinge os contemplativos é a falsa ciência dos objetos ou de sua<br />

contemplação, insinuando que o Criador seria injusto ou desprovido de<br />

sabedoria. (in Ps., CXLIII, 7e)<br />

A esta verdadeira “manipulação”, praktikos e theoretikos reagem cada qual a seu<br />

modo:<br />

Dentre os demônios, alguns o “prendem” como praktikos, outros como<br />

theoretikos. Os primeiros são expulsos pela justiça, os segundos pela<br />

sabedoria. (in Ps., CXVII, 10b)<br />

A “justiça”, é o “jugo” que reune todas as virtudes (cf. in Ps., LXI, 10e; Pr., 89),<br />

mas a “sabedoria” é sinônimo de verdadeiro “conhecimento” (cf. in Prov., I,

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