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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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PRÓLOGO<br />

criadas que o revelam todas (cf. Ep. Mel., 5 ss). As demais virtudes, que não são<br />

menos importantes, vêm confortar as três virtudes “fundamentais” segundo são<br />

Paulo.<br />

“ ‘Abra para mim as portas da justiça’: assim como as portas da justiça<br />

são abertas, também as da prudência, da coragem e da caridade, pois é<br />

por estas ‘portas’ que o intelecto entra no Reino dos Céus.” (in Ps.,<br />

CXVII, 19)<br />

“ ‘Esta é a porta do Senhor, por ela entrarão os justos’: depois de termos<br />

sido introduzidos pelas virtudes práticas, encontraremos a porta do<br />

conhecimento, que é a contemplação das criaturas corpóreas e<br />

incorpóreas.” (in Ps., CXVII, 20)<br />

Deste conhecimento de Deus, ainda indireto mas agora acessível, decorre a<br />

“teologia” (que não deve ser confundida com a disciplina acadêmica de mesmo<br />

nome), “conhecimento místico de Deus”, fruto de uma relação íntima e imediata<br />

(cf. Mn., 120). Aqui em baixo, ela é entregue ao homem “na oração” (cf. Or.,<br />

61), no momento do encontro cheio de graça, “sem nenhum intermediário” (Or.,<br />

3), com Deus.<br />

O encontro do homem com Deus, “face a face” (1 Co., XIII, 12), atingirá sua<br />

plenitude na consumação da criação: Deus será então “tudo em todos” (1 Co.,<br />

XV, 18; cf. Pr., 2). Será nossa “beatitude final” escatológica (cf. Ep. Fid., 7; in<br />

Eccl. VII, 2 / G.55.1).<br />

A posição-chave que Evagro assinala à caridade, aqui como em todos os seus<br />

escritos, exprime um pensamento que não poderia ser mais profundo e rico em<br />

frutos espirituais: sem este fruto da impassibilidade, não se pode falar em<br />

nenhum conhecimento de Deus, e a “mística” permanece como pura ilusão pois<br />

tudo é alienado e falsificado pelas paixões, estes brotos da filáucia, do carinho<br />

por si mesmo (Sk., 53). Pois “Deus é amor” (1 João IV, 8), e este amor, só pode<br />

reconhecê-lo aquele que tornou a si próprio amor.<br />

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