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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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mandamentos” (Ep., LX, 1) e “estes mandamentos (...) são chamados vias,<br />

porque o intelecto segue a via que eles traçam” (in Prov., XIX, 16/G.198).<br />

Quanto ao simbolismo bíblico desta “via prática”, Evagro o encontra justamente<br />

na formiga industriosa (in Prov., VI, 8/G.72).<br />

O objetivo da observação dos mandamentos é a aquisição das virtudes por meio<br />

das quais são curados os vícios (pathé – paixões/doenças) que adoentam a alma<br />

(K.G. I, 41). E as armas com as quais o praktikos combate os “estrangeiros” (ou<br />

seja os demônios), são essas mesma virtudes (in Ps., XXVI, 3). A praktiké é<br />

assim essencialmente o “caminho da virtude” (Sk., 7); as “vias do Senhor” são<br />

as “virtudes práticas” que nos conduzem ao Reino dos Céus (in. Ps., XCIV, 1).<br />

De fato, a virtude é uma, mas, como a luz do sol, que também é de uma só cor e<br />

se refrata no vidro criando a multiplicidade das cores, ela, que é uma, se refrata<br />

nas três faculdades da alma e se manifesta em uma multitude de virtudes (Pr.,<br />

98).<br />

No capítulo 89, Evagro descreve estas “refrações” da virtude una nas duas<br />

faculdades irracionais da alma que são tratadas na praktiké. Tomando a parte<br />

pelo todo, ele menciona, para a parte concupiscente a continência e a<br />

abstinência, e, para a parte irascível, a coragem e a caridade. Os dois pares<br />

podem ser facilmente completados pelas virtudes correspondentes.<br />

Mas, como dissemos, existe na praktiké um “encaminhamento” do intelecto que<br />

comporta, como consequência, um começo, diferentes etapas e um fim. No<br />

Prólogo do Praktikos [8], Evagro esboça uma imagem desta “via” e de cada<br />

uma de suas etapas que se desenvolvem uma após outra. Ele toma como balizas<br />

as três virtudes fundamentais de 1 Coríntios, XIII, 13: a fé, a esperança e a<br />

caridade, unidas entre si por outras virtudes.<br />

Com a “caridade” (agapé), a praktiké atinge seu termo (Pr., 84); quanto ao<br />

homem, ele ainda não atingiu o seu em sua “subida” para Deus.<br />

O praktikos é um assalariado, ele (ainda) espera seu salário. (Sk., 33)<br />

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