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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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TRATADO PRÁTICO<br />

Mas apenas aqueles que adquiriram, a impassibilidade na pureza do amor podem<br />

ter parte nesta beatitude, como é dito em nosso capítulo. Evagro prossegue:<br />

Com efeito, as coisas cujas sombras percebemos agora “como num<br />

espelho” (1 Co., XIII, 12), mais tarde, quando estivermos livres deste<br />

corpo de terra e tivermos revestido um outro, incorruptível e imortal (2<br />

Co., V, 1 ss), nos as veremos em seus arquétipos. Nós as veremos, porque<br />

governamos nossas vidas com retidão e cuidamos de ter uma fé direita,<br />

condições sem as quais “ninguém verá o Senhor” (Heb., XII, 14). “Numa<br />

alma enganadora, diz a Escritura, a sabedoria não entrará, e ela não<br />

habitará num corpo cheio de pecados” (Sab., I, 4). (Ep. Fid., XII, 13-19)<br />

Esta é portanto a physiké ou “conhecimento natural”: um conhecimento ainda<br />

provisório, sim, obscuro, mas não menos “verdadeiro”, no “espelho” das<br />

naturezas criadas (K.G., II, 1), dessas coisas “em si”, cujos “arquétipos<br />

contemplaremos quando a história da salvação chegar ao seu termo. Este “agora”<br />

está sob o signo de Cristo, o Logos encarnado. É por isso que Evagro pode<br />

qualificar este “Reino de Cristo” de “conhecimento total ligado à matéria” (Ep.<br />

Fid., VII, 234 ss), pois seu domínio é justamente o da realidade material,<br />

sensível, mas simbolicamente aberto para a realidade imaterial, espiritual (Ep.<br />

Mel., 5 ss).<br />

Este “Reino dos Céus” (ou de Cristo) não passará, mas atingirá seu acabamento<br />

quando “Deus (o Pai) será tudo em todos” (1 Co., XV, 28). Pois sendo “tudo em<br />

todos” ele será no Filho e no Espírito (Ep. Mel., 22.31). Eis porque Evagro pode<br />

também aplicar diretamente a demanda do Pai Nosso, “venha a nós o vosso<br />

reino” ao “Filho único” do Pai (Or., 59), de que contemplaremos então “a<br />

unidade e a unicidade”, ou seja, o ser intra-trinitário “em si” (Ep. Fid., VII, 25<br />

ss), enquanto que no presente só nos é acessível seu “ser-por-nós” (Ep. Fid., VII,<br />

42).<br />

45

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