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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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OS OITO PENSAMENTOS<br />

o de substituir os maus hábitos das paixões pelos bons hábitos da virtude (Pr.,<br />

70).<br />

Às vezes, Evagro reduz os “oito pensamentos” a três: a gula, a avareza e a<br />

vanglória, que ele relaciona com as três tentações de Cristo no deserto (Ep., VI,<br />

3; XXXIX, 3; M.C., 1.24). Sejam eles três ou oito, estes pensamentos<br />

“genéricos” têm sua raiz comum na filáucia, o “carinho por si mesmo” (Sk., 53)<br />

que Evagro qualifica com justa razão de “aversão universal” (Sent., 48), pois<br />

esta predileção por si próprio, precisamente na medida em que comporta<br />

exclusividade, não deixa amar outra coisa que não a si mesmo.<br />

O combate contra os pensamentos é um dado comum à experiência humana. Em<br />

si, ser tentado não é um pecado (como aliás Evagro só pode concluir das<br />

tentações sofridas por Cristo). O que resulta dessas sugestões não depende senão<br />

do homem: que elas se enraízem ou não nele, que elas excitem ou não as<br />

paixões.<br />

“Meu coração queimava em mim”. É perfeitamente possível, quando o<br />

demônio da cólera nos assalta, não nos encolerizarmos, mas é quase<br />

impossível não “queimar”. (In Ps., XXXVIII, 4)<br />

O pecado, com efeito, reside no consentimento (Pr., 75) de nosso livre arbítrio,<br />

que se inclina para o mal. Mas não escapou a Evagro que existem também<br />

diferentes maneiras de ceder à atração do pecado.<br />

Pecador é aquele que peca por sensualidade e por licença; o homem<br />

nocivo, ao contrário, é aquele que comete deliberadamente o mal. (In Ps.,<br />

IX, 36)<br />

Mas como todos os pecados provêm dos pensamentos apaixonados (in Ps.,<br />

XVII, 38-39), é por eles que é preciso começar se não quisermos nos afastar do<br />

caminho da praktiké. Pois:<br />

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