CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS De fato, é possível libertar-se completamente do mal. (Ep., XLIII, 2) Esta convicção, formulada em diversas ocasiões, da finitude do mal, é fundamentada por Evagro sobre seu caráter secundário (cf. Sg., XIV, 13). Mas o que acontece com a ignorância, com o desconhecimento que, efetivamente, é uma consequência do mal (K.G., I, 49)? Esta ignorância secundária desaparecerá juntamente com sua causa (K.G., IV, 29). Porém o conhecimento correspondente a esta ignorância será igualmente limitado, porque seu objeto, o criado, é limitado. No entanto, existe ainda uma outra ignorância, que se refere, esta sim, ao conhecimento. Aquele cujo conhecimento é limitado, sua ignorância é também limitada; e aquele cuja ignorância é ilimitada, seu conhecimento é também ilimitado. (K.G., III, 63) A diferença entre os dois reside no objeto do conhecimento, não no sujeito que conhece. “O Senhor é grande (...) e sua grandeza não tem limites”: a contemplação de todas as criaturas é limitada; somente o conhecimento da Santíssima Trindade é ilimitado, pois ela é a sabedoria substancial. (in Ps., CLXIV, 3b) Evagro fornece ainda uma outra interpretação deste salmo, em linguagem velada, nos seus Kephalaia Gnostika: A finalidade da ciência natural é a Unidade santa; mas não existe fim para a ignorância, assim como se diz: “Não existe”, de fato, “limite para sua grandeza.” (Sl. CLXIV, 3)(K.G. I, 71, mod.) E, em uma de suas beatitudes, cujo segredo ele possuía, Evagro exclama: Feliz o que alcançou a ciência que não pode ser ultrapassada. (K.G., III, 88) 178
CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS Pois se o intelecto “ultrapassa” pouco a pouco as diferentes manifestações do conhecimento de Deus nos seres criados, ele acaba por atingir, enquanto criatura, seu próprio “limite” absoluto (cf. in Ps., XXXVIII, 5c): “a contemplação da Santíssima Trindade, conhecimento ilimitado e sabedoria substancial” (in Ps., CXXXVIII, 7c), que ele não pode ultrapassar. Dos três altares da ciência, dois têm um círculo, e o terceiro aparece sem círculo. (K.G., IV, 88) A imagem do “círculo”, que como a do “altar” é emprestada ao Salmo XXV, 6, e indica uma limitação (cf.: “circunscrever”) pelo sujeito conhecedor, pois “fazer o círculo”, “fazer o contorno” (p.e., “circunscrever” a questão) significa aqui “conhecer” (in Ps., XXV, 6). Na mesma ordem de idéias, é dito que dois destes “altares” (que significam o conhecimento da criação) são “compostos”, enquanto que o terceiro (o do conhecimento da Santíssima Trindade) é “simples” (K.G. II, 57). Pois “Deus é cognoscível” (K.G., I,3; cf. in Ps., CXXXI, 7e), ele é “conhecimento substancial” (cf. in Ps., XXIV, 7e; K.G., II, 11, e.a). E um dia “o verdadeiro conhecimento da essência única da Trindade adorada nos será concedido” (Ep., LVI, 2), conhecimento para o qual confluem, como rios que correm para um só e mesmo mar, todos os conhecimentos do criado (cf. Ep. Mel., 66). Este “conhecimento substancial”, justamente ao contrário de todos os conhecimentos do criado, é “uno” (monoeides) (Ep., LVIII, 4), porque a própria essência divina é “simples e não-circunscrita” (Ep. fid., II, 37ss), diferentemente da essência da criatura, que é “composta” e “limitada”. O verdadeiro conhecimento das pessoas divinas “na unidade e na unicidade” de sua substância nos será então concedida (cf. Ep. fid., VII, 1ss), mas o caráter ilimitado desta substância transforma este conhecimento em um “desconhecimento” ilimitado. “Conhecer” a Deus não é o equivalente de “compreendê-lo” (“captar”), mas de “ser pego”, “ser captado” (cf. in Ps., LXXXVIII, 9e). Por ser feito “à imagem de Deus”, o intelecto é capax Dei, “capaz de Deus” (K.G., VI, 73), “susceptível à sua natureza” (K.G., III, 24). Daí seu “desejo infinito do Divino” (Pr., 57), desejo que é “eterno” (K.G., IV, 50), “insaciável” (Cent. Suppl., 53), pois o ser de Deus é inesgotável. 179
- Page 3 and 4:
Tradução do grego e comentários:
- Page 5 and 6:
A todos os mestres, para retribuir
- Page 7 and 8:
INTRODUÇÃO 1. O AUTOR E SUA OBRA
- Page 9 and 10:
Ao invés de se encaminhar para a c
- Page 11 and 12:
sua eclosão. Sem que os suspeitos
- Page 13 and 14:
Este Anatolios talvez possa ser ide
- Page 15 and 16:
chamado por Evagro de “alma racio
- Page 17 and 18:
mandamentos” (Ep., LX, 1) e “es
- Page 19 and 20:
Assim, sem a misericórdia de Crist
- Page 21 and 22:
Do início da criação ao seu coro
- Page 23 and 24:
Concretamente, antes de se manifest
- Page 25 and 26:
(Ep., XLIII, 2), a fim de que a cri
- Page 27 and 28:
eal e perfeito, o Cristo que diz:
- Page 29 and 30:
separadamente (e muitas vezes tamb
- Page 31 and 32:
PRÓLOGO E no entanto, o “profeta
- Page 33 and 34:
PRÓLOGO ss.) ele pode deduzir que
- Page 35 and 36:
PRÓLOGO Senhor’ (1 Co., VII, 32)
- Page 37 and 38:
PRÓLOGO ‘dá sombra’ a todos o
- Page 39 and 40:
PRÓLOGO Deus trinitário (Cent., S
- Page 41 and 42:
PRÓLOGO “É pelo amor que conhec
- Page 43 and 44:
PRÓLOGO Eis portanto o que não de
- Page 45 and 46:
TRATADO PRÁTICO CAPÍTULO 1 O Cris
- Page 47 and 48:
TRATADO PRÁTICO Mas apenas aqueles
- Page 49 and 50:
TRATADO PRÁTICO “verdadeira” e
- Page 51 and 52:
TRATADO PRÁTICO justa diante dos o
- Page 53 and 54:
OS OITO PENSAMENTOS OS OITO PENSAME
- Page 55 and 56:
OS OITO PENSAMENTOS Os maus pensame
- Page 57 and 58:
OS OITO PENSAMENTOS CAPÍTULO 8 O d
- Page 59 and 60:
OS OITO PENSAMENTOS pelo trabalho q
- Page 61 and 62:
OS OITO PENSAMENTOS arrependimento:
- Page 63 and 64:
OS OITO PENSAMENTOS Armado contra a
- Page 65 and 66:
63 OS OITO PENSAMENTOS Esta complex
- Page 67 and 68:
65 OS OITO PENSAMENTOS fugir às mu
- Page 69 and 70:
OS OITO PENSAMENTOS Deste pensament
- Page 71 and 72:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. vagabun
- Page 73 and 74:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. Da mesm
- Page 75 and 76:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. CAPÍTU
- Page 77 and 78:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. suprema
- Page 79 and 80:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. CAPÍTU
- Page 81 and 82:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. sono, e
- Page 83 and 84:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. [72]),
- Page 85 and 86:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. primeir
- Page 87 and 88:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. CAPÍTU
- Page 89 and 90:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. Pesada,
- Page 91 and 92:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. 12) e a
- Page 93 and 94:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. trajes
- Page 95 and 96:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. se curo
- Page 97 and 98:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. Delicio
- Page 99 and 100:
CONTRA OS OITO PENSAMENTOS. O orgul
- Page 101 and 102:
SOBRE AS PAIXÕES de não apenas at
- Page 103 and 104:
101 SOBRE AS PAIXÕES É um dado da
- Page 105 and 106:
SOBRE AS PAIXÕES É por isso que o
- Page 107 and 108:
SOBRE AS PAIXÕES chamado de “gra
- Page 109 and 110:
SOBRE AS PAIXÕES V, 78), de tal so
- Page 111 and 112:
INSTRUÇÕES Contra o pensamento f
- Page 113 and 114:
INSTRUÇÕES A função natural da
- Page 115 and 116:
INSTRUÇÕES carregam consigo (no c
- Page 117 and 118:
INSTRUÇÕES exterior intervenha, c
- Page 119 and 120:
INSTRUÇÕES Esses pensamentos blas
- Page 121 and 122:
119 INSTRUÇÕES o superior das Kel
- Page 123 and 124:
INSTRUÇÕES A diferença entre os
- Page 125 and 126:
INSTRUÇÕES corpo como “instrume
- Page 127 and 128:
125 INSTRUÇÕES Mas se temos o pro
- Page 129 and 130: INSTRUÇÕES corrige a teoria. Evag
- Page 131 and 132: INSTRUÇÕES Estrangeiro é aquele
- Page 133 and 134: SOBRE O QUE ACONTECE NO SONO SOBRE
- Page 135 and 136: SOBRE O QUE ACONTECE NO SONO CAPÍT
- Page 137 and 138: 135 SOBRE O QUE ACONTECE NO SONO se
- Page 139 and 140: SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIB
- Page 141 and 142: SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIB
- Page 143 and 144: SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIB
- Page 145 and 146: SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIB
- Page 147 and 148: SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE
- Page 149 and 150: SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE
- Page 151 and 152: SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE
- Page 153 and 154: SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE
- Page 155 and 156: 153 SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILID
- Page 157 and 158: SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE
- Page 159 and 160: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS CONSIDERA
- Page 161 and 162: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS outros, e
- Page 163 and 164: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS enquanto
- Page 165 and 166: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS 2/G.3), o
- Page 167 and 168: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS O “elmo
- Page 169 and 170: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS pessoa, C
- Page 171 and 172: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS início,
- Page 173 and 174: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS de escolh
- Page 175 and 176: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS capítulo
- Page 177 and 178: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS armadilha
- Page 179: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS Este ser
- Page 183 and 184: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS Quanto ao
- Page 185 and 186: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS VI, 1/G.6
- Page 187 and 188: 185 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS Neste
- Page 189 and 190: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS CAPÍTULO
- Page 191 and 192: 189 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS A pri
- Page 193 and 194: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS e pela lu
- Page 195 and 196: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS farão de
- Page 197 and 198: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS sentiment
- Page 199 and 200: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS espiritua
- Page 201 and 202: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS Por “ne
- Page 203 and 204: CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS para si m
- Page 205 and 206: 203 CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS Quant
- Page 207 and 208: EPÍLOGO Eis o que eu tinha a lhe d