04.03.2018 Views

Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

De fato, é possível libertar-se completamente do mal. (Ep., XLIII, 2)<br />

Esta convicção, formulada em diversas ocasiões, da finitude do mal, é<br />

fundamentada por Evagro sobre seu caráter secundário (cf. Sg., XIV, 13). Mas o<br />

que acontece com a ignorância, com o desconhecimento que, efetivamente, é<br />

uma consequência do mal (K.G., I, 49)? Esta ignorância secundária desaparecerá<br />

juntamente com sua causa (K.G., IV, 29). Porém o conhecimento correspondente<br />

a esta ignorância será igualmente limitado, porque seu objeto, o criado, é<br />

limitado. No entanto, existe ainda uma outra ignorância, que se refere, esta sim,<br />

ao conhecimento.<br />

Aquele cujo conhecimento é limitado, sua ignorância é também limitada; e<br />

aquele cuja ignorância é ilimitada, seu conhecimento é também ilimitado.<br />

(K.G., III, 63)<br />

A diferença entre os dois reside no objeto do conhecimento, não no sujeito que<br />

conhece.<br />

“O Senhor é grande (...) e sua grandeza não tem limites”: a contemplação<br />

de todas as criaturas é limitada; somente o conhecimento da Santíssima<br />

Trindade é ilimitado, pois ela é a sabedoria substancial. (in Ps., CLXIV,<br />

3b)<br />

Evagro fornece ainda uma outra interpretação deste salmo, em linguagem<br />

velada, nos seus Kephalaia Gnostika:<br />

A finalidade da ciência natural é a Unidade santa; mas não existe fim<br />

para a ignorância, assim como se diz: “Não existe”, de fato, “limite para<br />

sua grandeza.” (Sl. CLXIV, 3)(K.G. I, 71, mod.)<br />

E, em uma de suas beatitudes, cujo segredo ele possuía, Evagro exclama:<br />

Feliz o que alcançou a ciência que não pode ser ultrapassada. (K.G., III,<br />

88)<br />

178

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!