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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

Mas se temos o projeto de conhecer sem nenhuma dúvida as enganações<br />

daquele [o demônio da vagabundagem], não tenhamos pressa em dirigirlhe<br />

a palavra. Não lhe revelemos também o que se passa, como<br />

interiormente ele prepara os encontros e de que maneira, pouco a pouco,<br />

ele empurra o intelecto para a morte, senão ele fugirá. Com efeito, ele não<br />

suporta ser visto quando age assim e não saberíamos mais nada do que<br />

queremos. Mas deixemo-lo terminar seu espetáculo num outro dia, a fim<br />

de que, depois de aprendermos a conhecer exatamente seus pérfidos<br />

truques, o ponhamos em fuga pela palavra, após nossas observações.<br />

(M.C., 8)<br />

É evidente que “experiências pessoais” desta espécie não são isentas de perigo,<br />

assim como o método exposto no capítulo 58 de “tampar um furo com outro”.<br />

Somente os que estão muito avançados na vida espiritual podem lançar-se a isto.<br />

De resto, é verdade que, numa grande medida, a praktiké é uma “ciência”<br />

puramente “experimental” (cf. Pr., 43.51; Ep., XI, 4).<br />

A “observação” de si mesmo, por “demorada” que seja (M.C., 7), não basta<br />

entretanto, e aquele que pretende dedicar-se à praktiké “com ciência” precisa do<br />

Senhor “que instrui [nossas] mãos para a batalha e [nossos] dedos para o<br />

combate” (Sl. CXLIII, 1).<br />

Aquele a quem o Senhor ensinou o combate contra o poder adverso<br />

conhece as causas das virtudes e dos vícios, e as diferenças entre os<br />

pensamentos, as marcas da apatheia e suas fronteiras; ele conhece<br />

também as causas das visões e dos sonhos noturnos, dos quais uns vêm da<br />

parte racional da alma, impulsionados pela memória, enquanto outros<br />

vêm da parte irascível e outros ainda da parte concupiscente... (in Ps.,<br />

CXLIII, 1a)<br />

Nesta passagem Evagro nos reenvia ao seu Monachos, como também se chama a<br />

obra que temos agora diante dos olhos e na qual, diz ele, forneceu “explicações<br />

mais precisas”. Pois “semelhante discernimento das causas provém de fato da<br />

moral” – outro nome da praktiké. E, de fato, encontramos as respostas para estas<br />

e outras questões no Praktikos. Dedicar-se à praktiké “com ciência” significa

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