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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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Todos esses perigos e todos esses obstáculos fazem da praktiké “uma via estreita<br />

e apertada” (Ep., XX, 3), semeada de “penas” e de “lágrimas” (in Ps., CXXV,<br />

5). Apenas o conhecimento “do sentido dos mandamentos dilata o coração e<br />

torna fácil para ele o caminho da praktiké” (in Ps., CXVIII, 32).<br />

2.6. A purificação como cura<br />

O objetivo do “método espiritual” (Pr., 78) da praktiké é o de “purificar”<br />

completamente as duas faculdades irracionais da alma de toda a escória das<br />

paixões.<br />

O prático é somente aquele que adquiriu a impassibilidade da parte<br />

passional de sua alma. (Gn., 2)<br />

Seu objetivo imediato é, portanto, a impassibilidade (apatheia), que Evagro<br />

qualifica como a “flor da prática” (Pr., 81): “a pureza, é precisamente a<br />

impassibilidade da alma racional” (Ep., LVI, 2). O objetivo último é o<br />

conhecimento de Deus, para o qual a libertação dos vícios que encobrem a<br />

verdadeira natureza do homem é condição prévia absolutamente indispensável.<br />

A ciência de Cristo não tem necessidade de uma alma dialética, mas de<br />

uma alma que veja. Com efeito, a dialética pode ser encontrada mesmo<br />

nas almas que não são puras; mas a visão só o é nas almas puras.(K.G.,<br />

IV, 90).<br />

Esta “purificação da alma racional” (in Ps., CX, 7) que é operada pela guarda<br />

dos mandamentos, na “sinergia entre a graça de Deus e o zelo do homem” (in<br />

Ps., XVII,21) é chamada por Evagro de seu “restabelecimento”.<br />

Sendo os vícios das “doenças” da alma (K.G., I, 41), a “libertação das paixões”<br />

pode bem ser definida como o retorno à “saúde [natural] da alma” (Pr., 56).<br />

Natural, porque os vícios não invadiram a criação – boa em sua essência (K.G. I,<br />

39) – senão bem mais tarde, como uma doença. É também por isso que eles<br />

devem ser eliminados completamente (K.G. I, 40) pela plenipotência de Deus<br />

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