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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

numerosas e variadas, que ela recebe do exterior. A respeito destas,<br />

muitas vezes rezei a Deus para que elas não pudessem surgir ou, se<br />

surgissem, que não pudessem durar. Pois o intelecto imprime facilmente<br />

essas imagens em si e fica pronto a excitar-se com os pensamentos<br />

demoníacos. Também o estado de um praktilkos não é o mesmo estado de<br />

um theoretikos, pois o pensamento nascido da paixão torna-se um<br />

obstáculo à virtude, enquanto que, para a contemplação, o próprio<br />

pensamento, mesmo simples, já é um obstáculo. Com efeito, os sentidos<br />

corporais são um obstáculo à inteligência espiritual. Agora, se para<br />

alguém é possível demorar-se na cidade e aí ser capaz de guardar seu<br />

intelecto livre de toda imagem, o julgamento é de cada um. (Ep., XLI, 2-3)<br />

O perigo, no “mundo”, de ser literalmente afogado num dilúvio de “impressões”<br />

sensíveis (um conceito do qual Evagro se utiliza muitas vezes no curso deste<br />

livro) e de “imagens” excitantes, e, por conseguinte, de perder todo desejo e toda<br />

faculdade de “contemplação” mais profunda – ou mesmo de reflexão – perigo<br />

que aliás seria hoje em dia muito maior do que naqueles tempos antigos. A<br />

ascese recomendada é ainda mais necessária aí, se quisermos escapar ao<br />

inevitável esfriamento, ao menos pelo tempo necessário até que estejamos<br />

suficientemente firmes. Pois:<br />

É perigoso, para o monge que ainda não atingiu a maturidade, abandonar<br />

sua cela antes de haver adquirido a perfeição da praktiké e da<br />

contemplação. (Ep., LVIII, 5)<br />

CAPÍTULO 42<br />

Quando você for tentado, não ore sem antes haver dirigido com cólera<br />

algumas palavras àquele que o está constrangendo. Com efeito, se sua alma<br />

estiver afetada por pensamentos, tampouco sua prece será pura. Mas se<br />

você lhes disser algo com cólera, você os confundirá e fará com que<br />

desapareçam as representações sugeridas pelos adversários. Pois este é o<br />

efeito natural da cólera, mesmo quando se trata de boas representações.<br />

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