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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIBILIDADE<br />

Deus e a aplicar-se seriamente aos mandamentos de Deus. (Ant., IV, 3; cf.<br />

Ex., V, 22)<br />

Neste capítulo Evagro, com toda simplicidade, conduz ao conhecimento os mais<br />

experimentados. Que às vezes as coisas não se passaram tão bem para ele como<br />

para aqueles, prova-o a Ep. IV, 1. Também são mencionados os “naufrágios no<br />

porto” na carta de conotação biográfica, Ep., LII, 2. Pois “todos aqueles que<br />

progridem têm que se haver com numerosos assaltantes” (in Ps., III,2a).<br />

CAPÍTULO 60<br />

A impassibilidade perfeita sobrevem na alma após sua vitória sobre todos<br />

os demônios que se opõem à prática; a impassibilidade imperfeita se diz<br />

relativamente ao poder do demônio que luta ainda contra ela.<br />

A vida espiritual subdivide-se em duas fases principais: a vida “prática” da<br />

ascese e a vida “teórica” da contemplação. Correlativamente, haverá demônios<br />

para se opor à primeira fase e outros para a segunda. No capítulo 86 este tema<br />

será retomado.<br />

Estas duas fases principais comportam por seu turno muitos degraus, e a subida<br />

se faz aos poucos. A “flor da praktiké” (Pr., 81), é a impassibilidade enquanto<br />

“saúde” natural da alma (Pr., 56). Esta pode ser “perfeita”, e Evagro a chama<br />

então “santa”, porque ela conforma o “homem novo” (M.C., 3), ou então “a<br />

primeira e a maior” (M.C., 10), pois daí em diante o homem não peca mais, nem<br />

em pensamentos, nem em ações. Esta impassibilidade é a “coroa” do intelecto<br />

(M.C., 25), a apatheia do coração que torna o intelecto capaz de “no momento da<br />

prece” ver a si mesmo (para falarmos de um modo figurado) “como uma estrela”<br />

(M.C., 24). Ela o leva “como sobre as asas” às regiões celestes, aonde ele irá<br />

compartilhar “o conhecimento da Santíssima Trindade” (M.C.r.l., 29).<br />

Diante desta impassibilidade “perfeita”, existe também a impassibilidade<br />

“imperfeita”: a “que atinge (apenas) a parte concupiscente” da alma (M.C., 16).<br />

Ela portanto não liberta o homem – mesmo das paixões desta parte – senão com<br />

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