Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf
Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?
Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?
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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />
Da mesma forma para o jejum, existiam regras fixas mesmo quando eram<br />
adaptadas individualmente. Geralmente, ele ia “do entardecer ao entardecer”, ou<br />
seja até a nona hora (15:00 horas) (Ant., I, 7). Assim, não se comia mais do que<br />
uma vez ao dia, desde que a pessoa não fosse idosa nem estivesse doente; e mais<br />
especificamente, pão e água, com um pouco de azeite “mas não até a saciedade”<br />
(M.C., 25), porém “pesado” e “medido” (Pr., 94).<br />
Do mesmo modo também para a oração, em que cada um tinha sua própria<br />
medida. Segundo o uso corrente, havia dois ofícios de salmos, Vésperas e<br />
Matinais, de doze salmos cada, com as orações correspondentes. Acrescentavase<br />
a isto um certo número de “preces habituais” espalhadas pelo resto do dia e da<br />
noite (Or., 106). Sabemos que Evagro, tal como seu mestre Macário de<br />
Alexandria (H.L., XX, 3) fazia diariamente cem orações (H.L. XXXVIII, 10).<br />
Em resumo, a vida espiritual é marcada por um “cânon”, uma regra de vida, que<br />
o monge não considerava como uma coleira, o que seria absolutamente contrário<br />
à própria essência do monaquismo e de sua liberdade evangélica (Ant., I, 27),<br />
mas que não obstante ele observava fielmente, tendo em conta as circunstâncias<br />
(cf. Pr., 40). Esta regularidade ponderada, praticada em liberdade, é o segredo do<br />
equilíbrio interior e da estabilidade da vida espiritual (cf. Pr., 29).<br />
CAPÍTULO 16<br />
Quando nossa alma cobiça comidas variadas, que ela reduza então sua ração<br />
de pão e água, a fim de ficar reconhecida mesmo com um simples bocado.<br />
Pois a saciedade deseja pratos de toda espécie, enquanto que a fome<br />
considera a saciedade de pão como a beatitude.<br />
O regime dos anacoretas do deserto do Egito era muito frugal, como dissemos:<br />
pão, azeite, água (M.C., 25). Não é de espantar assim que a lembrança da “doce<br />
vida de antes... dos vinhos doces e das taças entre as mãos, quando nos<br />
recostávamos para beber...” (Ant., I, 30) tenha algumas vezes tomado um grego<br />
sofisticado como Evagro (H.L. XXXVIII, 10). Tanto mais que a saciedade era<br />
mal vista, mesmo que de pão e água (M.C., 25).<br />
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