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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

imaginações representativas, principalmente aquelas das paixões, evidentemente.<br />

E é precisamente por isso que os demônios excitam em nós estas paixões (Or.,<br />

51).<br />

CAPÍTULO 18<br />

Que a vida e a morte acometam juntas ao mesmo homem, isto não se pode<br />

admitir; igualmente, é impossível que a caridade coexista em alguém com a<br />

riqueza. Pois a caridade não destrói apenas as riquezas, mas também nossa<br />

própria vida transitória.<br />

Em nenhum lugar como na avareza fica tão evidentemente manifesto que, ao<br />

final de contas, todas as paixões são formas de filáucia, do “carinho por si<br />

mesmo”, uma vez que nela o homem aliena tudo ao seu próprio eu, incluindo-se<br />

aí todas as formas mais elementares de amor ao próximo (Ant., III, 5-7).<br />

Portanto, aqui não se poderá haver, na forma que for, outra forma de rejeição, a<br />

da matéria, que motivaria ao “amor à pobreza” (cf. Pr., Prol. [6]). As coisas<br />

materiais deste mundo, ouro incluso, não são más em si, e, por isso, não se<br />

constituem em obstáculo para a salvação (in Ps., CXLV, 8b). Do Maligno, a<br />

única coisa que vem é “este prazer inimigo do homem, engendrado por sua<br />

própria liberdade, e que constrange o intelecto a fazer um mau uso das criaturas<br />

de Deus” (M.C., 19). “Inimigo do homem” (misanthropos), porque ele não<br />

considera senão a si mesmo, sem, portanto ver a seu próximo.<br />

Avaro não é só o que tem dinheiro, mas também aquele que o deseja. Pois<br />

a economia, diz-se, é uma bolsa razoável. (Gn., 30)<br />

Esta bolsa é chamada de “razoável” (logikon) porque ela sabe distribuir, como<br />

um bom economista, com inteligência. Mas também aqui devemos desconfiar<br />

das armadilhas dos demônios que sempre nos empurram de um extremo a outro<br />

a fim de atingir o mesmo objetivo.<br />

Parece-me, de fato, que o demônio do amor ao dinheiro reveste-se das<br />

formas mais variadas, e que ele é hábil para enganar. Oprimido pela<br />

74

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