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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

corpo como “instrumento” (cf. Ep., LVII, 4; K.G., I, 67). Para “orar como se<br />

deve”, ou seja, para exercer “a atividade que lhe é própria” (Or., 83; cf. Or., 84),<br />

o intelecto, que por natureza é incorpóreo, não apenas não tem necessidade do<br />

corpo, mas ele chega até a “fugir”, do corpo e de suas limitações, quando se<br />

aproxima dos “confins da oração” (Or., 62). E, para vencer os demônios que o<br />

impedem, ele recorre à “prece incessante”.<br />

Se você quiser afastar os demônios, então reze sem cessar. (in Ps., LV,<br />

10e)<br />

Neste ponto tocamos um dos “segredos” do monaquismo primitivo: sua<br />

“técnica” da prece do coração contínua que viria mais tarde a encontrar sua<br />

forma clássica naquilo que se convencionou denominar “Prece de Jesus”. Não<br />

que Evagro tenha sido o inventor desta prática, que nesta época já era bem<br />

conhecida muito além das fronteiras do Egito (Agostinho), mas ele é sem dúvida<br />

seu mais antigo testemunho. Ele pede constantemente aos seus leitores para que<br />

cuidem especialmente desta prece “incessante” (Ant., VIII, 21; Ep., XIX, 2; Vg.,<br />

5), “constante” (M.C., 15), “contínua” (Mn., 37), “vigorosa” (M.C., 16; M.C.r.l.,<br />

22), “breve e veemente” (intensa) (Or., 98). Não se trata aqui do “estado de<br />

oração” enquanto estado místico, que é sem imagens e sem palavras. Trata-se<br />

antes, à maneira de nossas “orações jaculatórias”, de curtas invocações que,<br />

repetidas em breves intervalos e espalhadas ao longo de toda a jornada (e uma<br />

boa parte à noite) mantém o espírito permanentemente “em oração”. João<br />

Cassiano, que vivia na mesma época de Evagro entre os Padres do deserto do<br />

Egito, descreve esta “técnica” em detalhe (cf. Conl., X, 10).<br />

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