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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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OS OITO PENSAMENTOS<br />

OS OITO PENSAMENTOS<br />

CAPÍTULO 6<br />

São ao todo oito os pensamentos genéricos que compreendem todos os<br />

pensamentos: o primeiro é o da gula, depois vem o da fornicação, o terceiro<br />

é o da avareza, o quarto o da tristeza, o quinto o da cólera, o sexto da acídia,<br />

o sétimo o da vanglória, o oitavo o do orgulho. Que todos estes pensamentos<br />

perturbem ou não a alma, isto não depende de nós; mas que elas se deixem<br />

ou não ficar, que elas destravem ou não as paixões, isto depende de nós.<br />

Depois dos cinco capítulos de introdução que fixam o grande quadro teológico<br />

da praktiké, Evagro empreende agora a análise dos “pensamentos”. Pois o<br />

combate do monge é por essência um conflito com os “pensamentos” (Ant.,<br />

Prol.). Mas o que devemos entender por isto? Evagro quase utiliza<br />

indiferentemente as palavras “demônio”, “paixão” e “pensamento” para<br />

significar a mesma realidade, embora ele as distinga claramente. Pois os<br />

demônios são estes espíritos decaídos que nos perseguem continuamente como<br />

tentadores buscando excitar em nós as paixões (Pr., 24). E como o mal não tem<br />

existência em si, mas ele é sempre uma perversão do bem criado, isto só pode<br />

ocorrer através da perversão da realidade criada, tanto a que está ao nosso redor<br />

quanto aquela que nos é própria (in Ps., CXLV, 8). Assim, as impressões<br />

variadas que os objetos criados suscitam em nosso espírito, ou que surgem de<br />

nossa própria natureza (Ep., LV, 2), tornam-se, por sugestão dos demônios, as<br />

tentações, os (maus) “pensamentos” dos quais, por meio de nosso livre<br />

consentimento (M.C., 19), nascem as “paixões”. Enquanto que o “pensamento” é<br />

algo de passageiro, a “paixão” é um “mau hábito” (hexis) da alma racional,<br />

“devido ao qual a alma escolhe os prazeres efêmeros e despreza os eternos,<br />

imperecíveis” (in Ps., CXLIII, 4b).<br />

“Hábito”, no entanto, não significa invariabilidade. O homem é um ser<br />

“receptivo”, para o bem como para o mal. Desta forma, uma atitude pode sempre<br />

ser substituída por uma outra (Ep. Mel., 32). O objetivo da praktiké é justamente<br />

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