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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

Por “necessidade” devemos entender, por exemplo, “as exigências do corpo”<br />

(Or., 105): beber, comer, dormir, necessidades às quais até o asceta está<br />

submetido, mesmo tentando colocar um freio nelas.<br />

Para terminar, Dídimo faz menção ao “trabalho manual” (cf. Vg., 4) como<br />

característica do monge (e não dos homens da antiguidade em geral). É no “zelo<br />

sem medidas para o trabalho” que podemos reconhecer, por exemplo, se este<br />

“estado aprazível da alma” no qual o monge se encontra às vezes, é efetivamente<br />

um sinal de impassibilidade arduamente desejada ou se não passa de uma ilusão<br />

do demônio (cf. Pr., 57).<br />

É comovente observar como Dídimo – que se tornou cego aos quatro anos de<br />

idade (H.L., IV, 1) – compara a essência da virtude ao fenômeno da luz, por si<br />

mesma una e incolor, que explode numa multitude de cores quando se refrata no<br />

vidro. A doutrina da unicidade da virtude na pluralidade das suas manifestações,<br />

que Evagro recebeu de Gregório de Nazianze assim como de Dídimo o Cego, foi<br />

desenvolvida no capítulo 89.<br />

CAPÍTULO 99<br />

Outro ainda dentre os monges disse: “Se eu afasto os prazeres, é para não<br />

dar nenhum pretexto à parte irascível. Eu sei, com efeito, que esta sempre<br />

combate com vista ao prazer, que ela perturba o intelecto e expulsa a<br />

ciência.” Outro dos antigos dizia que a caridade não pode guardar reservas<br />

de víveres ou de dinheiro. Este mesmo dizia também: “Não lembro de ter<br />

sido enganado pelos demônios duas vezes sobre o mesmo tema.”<br />

Estes três apoftegmas anônimos referem-se a temas que Evagro já tratou. No<br />

capítulo 24, foi dito que “a natureza da parte irascível é a de combater os<br />

demônios e lutar em vista do prazer”; e que quando este “combate” se volta<br />

contra o próximo, ou quando a “luta” se exerce em vista de um prazer deste<br />

mundo, então “o intelecto se obscurece e desdenha da ciência.” É por isso que<br />

devemos atacar pelas raízes, dirá este capítulo, e, juntamente com o prazer,<br />

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