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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

corrige a teoria. Evagro aliás não faz mistérios de suas hesitações neste domínio<br />

(cf. Ep., IV, 1).<br />

CAPÍTULO 52<br />

Separar o corpo da alma só cabe Àquele que os uniu; mas separar a alma do<br />

corpo, isto cabe a quem busca a virtude. Nossos Padres, de fato, denominam<br />

anacorese ao exercício da morte e a fuga do corpo.<br />

Corpo e alma foram reunidos por Deus em uma só unidade (cf. Ep., LVII, 4)<br />

que, certamente, um dia será rompida (cf. K.G., I, 58), ma apenas por Aquele<br />

que a criou. É por isso que Evagro é um ferrenho adversário do suicídio, patente<br />

ou dissimulado, provocado por uma ascese que ultrapassa todos os limites.<br />

Aqueles que não têm piedade, após a morte serão recebidos por demônios<br />

sem piedade; e os que têm menos piedade ainda, piores ainda serão os que<br />

os receberão. E se isto é assim, aqueles que fazem sua alma sair do corpo<br />

escapam a quaisquer demônios que o receberiam após a morte. Diz-se<br />

mesmo que, de fato, nenhum daqueles que sair do corpo segundo a<br />

vontade de Deus será entregue a tais demônios. (K.G., IV, 33)<br />

É também por isso que em muitas ocasiões Evagro se defende, nem que do<br />

simples desejo, de abandonar esta “prisão” (Sl. CXLI, 8) prematuramente (cf.<br />

K.G., IV, 70.83), mesmo que sob o peso de uma grande tristeza (M.C., 13). Isto<br />

equivaleria, para um doente, pedir ao carpinteiro que destruísse o leito em que<br />

jaz (cf. K.G., IV, 76). Pois este corpo, justamente, não é só um obstáculo à<br />

contemplação das coisas divinas (cf. Ep., LVI, 1), ele é também e acima de tudo<br />

este “instrumento” por meio do qual o ser humano apreende a realidade material,<br />

enquanto que seu intelecto percebe suas razões ocultas (logoi) (cf. infra Pr. 53).<br />

Assim sendo, não é permitido separar o corpo da alma, mas sim “separar” a alma<br />

das exigências da parte irracional (que está em contato direto com o corpo), se<br />

esta se desvia de sua operação natural por causa das paixões (cf. Pr., 86). Esta é<br />

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