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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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OS OITO PENSAMENTOS<br />

CAPÍTULO 12<br />

O demônio da acídia, também chamado de “demônio do meio-dia”, é o mais<br />

pesado de todos; ele ataca o monge por volta da quarta hora e faz o cerco à<br />

sua alma até a oitava hora. Primeiro, ele faz com que o movimento do sol<br />

pareça lento, ou mesmo imóvel, e que o dia pareça ter cinquenta horas.<br />

Depois ele obriga o monge a ter os olhos fixos na janela, a perambular fora<br />

de sua cela, a observar o sol para ver se está longe a nona hora, a observar<br />

aqui e ali se algum dos irmãos... Por outro lado, ele inspira-lhe a aversão ao<br />

lugar onde está, ao seu estado de vida, ao trabalho manual, e também a idéia<br />

de que não há mais caridade entre os irmãos, que não há ninguém que possa<br />

consolá-lo. E se por acaso houver algum que, por esses dias, tenha<br />

constrangido o monge, o demônio se servirá disto também para aumentar<br />

sua aversão. Ele o leva então a desejar outros lugares, aonde ele poderá<br />

encontrar facilmente aquilo de que necessita, e exercer um ofício menos<br />

penoso e que pague melhor; ele acrescenta que agradar ao Senhor não é<br />

uma questão de lugar: a divindade, diz ele, pode ser adorada de fato em<br />

qualquer lugar. Ele acrescenta a tudo isso a lembrança das pessoas<br />

próximas e da sua existência de antes, ele lhe mostra como a vida é longa e<br />

coloca diante de seus olhos as fadigas da ascese; assim, como foi dito, ele<br />

assesta todas as suas baterias para que o monge abandone sua cela e fuja da<br />

cancha. Este demônio não é seguido por nenhum outro: mas um estado<br />

agradável e uma alegria inefável seguem-se na alma após o combate.<br />

O capítulo sobre a acídia é, de longe, o mais longo do Praktikos. Que graça há<br />

em entrar de tal modo em tantos detalhes? (Encontraremos logo mais um outro<br />

caso deste gênero.) É que a acídia é um fenômeno extremamente “complexo” (in<br />

Ps., CXXXIX, 3a ), um entrelaçamento das duas faculdades irracionais da alma,<br />

a irascível e a concupiscente, que são postas em movimento simultaneamente e<br />

por um longo período. E enquanto a primeira se volta contra tudo o que está ao<br />

seu alcance, a segunda sofre por tudo o que não está (in Ps., CXVIII, 28).<br />

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