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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

[72]), Eucarpios (H.L. Syr., [73]), Valens (H.L. 25), Héron (H.L., 26) e<br />

Ptolemaios (H.L., 27). Graças à intervenção enérgica dos Padres, Eucarpios,<br />

Héron e Valens converteram-se antes da morte; por seu turno, o monge Stéfanos,<br />

que antes fora tido em alta estima, persistiu até a morte em sua obstinação<br />

orgulhosa, apesar das orações constantes de Evagro, que o encontrara<br />

casualmente em Alexandria e tentara demovê-lo de seu erro. Em suas cartas<br />

Evagro faz constante alusão a esses “naufrágios” de monges – alguns<br />

impressionantes – (Ep., LII, 4), que desconcertaram muitos de seus<br />

contemporâneos (H.L., 47).<br />

Em muitas ocasiões Evagro menciona a astúcia desses demônios, que consiste<br />

em sempre aconselhar o contrário do que é prescrito num dado momento. Assim,<br />

por exemplo, eles forçam para que os doentes e os que estão esgotados jejuem<br />

juntos e façam suas salmódias em pé (Pr., 40), eles mesmo que, por todos os<br />

meios, procuram nos fazer comer fora de hora (Ant., I, 7) e experimentar toda<br />

espécie de preguiça. Eles persuadem aos que são ainda muito jovens de<br />

estabelecerem-se na solidão (Ant., VII, 15); outros, de viverem na reclusão<br />

(Ant., VII, 11); enquanto que a outros ainda incitam a sair pelo mundo “para<br />

proveito daqueles que os verão” (Ant., VII, 18). Eles estimulam alguns a comer<br />

(Ant., I, 3) e outros a levarem o jejum e a anacorese além de toda medida (M.C.,<br />

25). Eles nos fazem falar quando se impõe observar o silêncio, e inversamente<br />

(Ant., VII, 21). E embora normalmente eles nos enrolem para que deixemos<br />

“passar as horas das sinaxes” (M.C.r.l., 28), eles ficam atentos, na hora, para:<br />

...nos forçar a dizer os salmos ou cânticos espirituais (cf. Col., III, 16) nos<br />

quais é abordado algum mandamento específico que nós, induzidos ao<br />

erro, transgredimos; assim, ouvindo-os, eles podem rir-se de nós, como de<br />

pessoas que “dizem mas não fazem” (cf. Mt., XXIII, 3). (in. Ps., CXXXVI,<br />

3b)<br />

Eis porque Evagro dá o seguinte conselho:<br />

É preciso não dar-lhes atenção, mas mostrar-lhes clara e lhanamente que<br />

eles agem assim para enganar as almas e induzi-las ao erro. (M.C.r.l, 28)<br />

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