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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

deles o que é proveitoso, sem introduzir nada que seja estranho ao nosso<br />

caminho. (Ep., XVII, 1)<br />

Para se colocar na linha da tradição, não basta permanecer naquilo que sempre<br />

foi feito. Trata-se antes de manter uma relação viva com Aquele a quem remonta<br />

o caminho da vida, Cristo. Isto é impossível se negligenciarmos os elos vivos da<br />

tradição. Evagro fala sempre dos “padres” no plural, mesmo se, habitualmente,<br />

ele não menciona mais do que os nomes de seus mestres imediatos. A “tradição”<br />

é um todo, um conjunto coerente, não o pensamento de um indivíduo erigido em<br />

sistema. Isto quer dizer também que não devemos tentar “destilar” um sistema a<br />

partir dos escritos do monge pôntico, e que é melhor considerá-lo como um<br />

testemunho do “caminho” dos Padres, que é o que ele sempre quis ser.<br />

Este “caminho”, é essencialmente a “via da praktiké” (in Ps., CXVIII, 32), “via<br />

estreita e apertada” (Ep., XX, 3) das “virtudes práticas” que nos conduzem ao<br />

“reino dos Céus” (in Ps., XCIV, 11): em outras palavras, ao “conhecimento de<br />

Deus” (in Ps., CXXXVII, 5b):<br />

Essas “numerosas vias” conduzem à Via única que disse: “Eu sou a Via”.<br />

Por “vias numerosas” são designadas as virtudes que conduzem à ciência<br />

de Cristo. (in Prov., IV, 10/G.45)<br />

Cristo se torna assim para nós “a via” (Ep. fid., VIII, 1ss) pois, como Evagro<br />

gosta de repetir, “de Deus chegam a nós sabedoria, justiça, santificação e<br />

redenção” (1 Co., I, 30).<br />

Mas Cristo não se torna para nós apenas o caminho, mas torna-se também a<br />

sabedoria, ou seja o conhecimento e por conseguinte a via, pois este<br />

conhecimento de Deus é o caminho dos homens (cf. K.G., IV, 42), como afirma<br />

Evagro, ecoando João, XVII, 3. E aqueles que, antes de nós, marcharam por<br />

esses caminhos com o coração reto são para nós os exemplos, em palavras e<br />

ações.<br />

***<br />

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