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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

Quanto ao papel desempenhado aqui pela prudência, Evagro já o abordou no<br />

capítulo 73 e voltará a ele no capítulo seguinte.<br />

CAPÍTULO 89<br />

Dado que a alma racional é tripartite, segundo nosso sábio mestre, quando a<br />

virtude está na parte racional ela se chama prudência, inteligência e<br />

sabedoria; quando ela se acha na parte concupiscente, ela se chama<br />

continência, caridade e abstinência; quando repousa no irascível coragem e<br />

perseverança; quando habita a alma inteira, justiça. O papel da prudência é<br />

o de dirigir as operações contra as potências adversárias, protegendo as<br />

virtudes e fazendo frente aos vícios, controlando o que é neutro conforme as<br />

circunstâncias; o da inteligência é o de organizar harmoniosamente tudo<br />

que pode contribuir para que alcancemos nosso objetivo; o da sabedoria é o<br />

de contemplar as razões dos corpos e dos incorpóreos. O papel da<br />

continência é o de olhar de modo impassível os objetos que desencadeiam<br />

em nós imaginações contrárias à razão; o da caridade é o de comportar-se<br />

diante de toda imagem de Deus mais ou menos como diante de um Modelo,<br />

mesmo quando os demônios a tentam sujar; o da abstinência é o de recusar<br />

com alegria todos os prazeres da boca; não temer os inimigos e manter-se<br />

firme, valorosamente, diante dos perigos, é a função da perseverança e da<br />

coragem. Quanto à justiça, seu papel é o de realizar uma espécie de acordo e<br />

de harmonia entre as partes da alma.<br />

Como em muitas ocasiões, também neste capítulo Evagro remonta à Tradição de<br />

que é tributário, ou seja a de seus mestres diretos e indiretos. São, por um lado,<br />

suas autoridades teológicas (cf. Gn., 44-48), e em primeiro lugar Gregório de<br />

Nazianze e, de outro, seus “santos Padres” na vida espiritual, os Padres do<br />

deserto, principalmente os dois Macário (cf. Pr., 91). Neste capítulo, que<br />

descreve a “ação natural” da alma impassível, Evagro apresenta uma síntese<br />

daquilo que ele aprendeu de “seu sábio Mestre” Gregório de Nazianze sobre a<br />

estrutura da alma e sobre seu comportamento em função das virtudes. Que em<br />

grande parte se trate aqui de uma sabedoria de escola, não lhe diminui em nada.<br />

Esta “sabedoria dos Helenos” sofreu uma profunda transformação no espírito<br />

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