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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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OS OITO PENSAMENTOS<br />

Deste pensamento nasce também o pensamento do orgulho, aquele que<br />

rebaixa os céus até a terra, “o selo da semelhança e a coroa da beleza”<br />

(Ez., XVIII, 12). (M.C., 15)<br />

Enquanto “mal original que precipitou Lúcifer, ‘aquele que se levanta com a<br />

aurora’ (Is., XIV, 12)” (cf. Pr., Prol., [2]), o orgulho é ao mesmo tempo a última<br />

e a mais terrível de todas as tentações, a que aparece imediatamente após a<br />

retirada dos outros demônios (Pr., 57). O orgulho manifesta-se de duas maneiras,<br />

simultaneamente blasfêmia e desprezo. Blasfêmia contra Deus (ou contra seus<br />

santos anjos), cuja ajuda o homem nega, assim como sua providência e seus<br />

justos julgamentos (Ant., VIII, 3,5), atribuindo às suas próprias forças todas as<br />

suas obras (Ant., VIII, 6,13); desprezo pelo resto da humanidade, que não lhe<br />

chega aos calcanhares (Ant., VIII, 8, 31, 33). Sobretudo os pensamentos<br />

blasfemos, que convencem o homem de que ele será “o santo de Deus” (Ant.,<br />

VIII, 1), que lançam contra Deus as imprecações mais inomináveis (Ant., VIII,<br />

29) e que colocam os demônios no lugar de Deus (Ant., VIII, 47, 49c), estes são<br />

tão horríveis, que Evagro se recusa a colocá-los no papel (Ant., VIII, 21).<br />

Seguem-se o furor e a tristeza, pois pretensões tão absurdas devem forçosamente<br />

permanecer insatisfeitas. No final, advém a desorientação do espírito, com<br />

alucinações (M.C., 23), contraste paradoxal com os sonhos de grandeza que a<br />

pessoa acarinhava até há pouco.<br />

À noite, ele (o orgulhoso) imagina uma multidão de bestas selvagens que o<br />

atacam, e de dia é perturbado por pensamentos pusilânimes. Dormirá ele?<br />

Sobressalta-se continuamente; e se vela, paralisa de medo à simples<br />

sombra de um pássaro. O farfalhar das folhas aterroriza o orgulhoso e o<br />

murmúrio das águas despedaça-lhe a alma de pavor. Com efeito, aquele<br />

que chega a levantar-se contra Deus e a negar seu auxílio, acaba<br />

aterrorizado por vulgares alucinações. (O. Sp., [XVIII] 8.9)<br />

A alma torna-se “motivo de riso dos demônios”, pois “Deus a abandonou” (Mn.,<br />

62). Mas os remédios encontram-se no capítulo 33.<br />

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