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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

O “elmo” inteligível é a ciência espiritual que guarda imune a parte<br />

inteligível da alma. (K.G., V, 34)<br />

Não é de estranhar agora se os demônios tentam por todos os meios nos<br />

“despojar” desta “armadura” das virtudes (in Prov., I, 13/G.9): são precisamente<br />

estas virtudes práticas que opõem uma “barreira” reforçada à sua “entrada<br />

clandestina” na “cidade” da alma (in Ps., CXLVII, 2a). Um progresso no<br />

caminho da praktiké não significa, com efeito, que os “assaltos dos demônios”<br />

tenham arrefecido.<br />

Bem ao contrário (cf. Pr., 59). Mas seu furor se parte contra a firmeza crescente<br />

do intelecto e a pacificação dos seus “co-habitantes”, irascibilidade e<br />

concupiscência (cf. Pr., 61).<br />

Como um rochedo que está no meio do mar permanece firme sobre sua<br />

base e inquebrantável quando batido pelas ondas, do mesmo modo aquele<br />

que cumpriu as virtudes e se fundiu a elas jamais estremecerá diante do<br />

diabo. (Inst. mon., 15)<br />

CAPÍTULO 78<br />

A prática é o método espiritual que purifica a parte passional da alma.<br />

As paixões provêm de uma atividade “contra a natureza” (K.G., III, 59) – ou<br />

seja que vão de encontro com sua vocação original – das duas faculdades<br />

irracionais da alma: irascível e concupiscente. Para curar estas “doenças” (in Ps.,<br />

CII, 3b) e restabelecer a “saúde natural da alma” (Pr., 56), o “médico das almas”<br />

(como Evagro gosta de chamar o Logos encarnado) utiliza a praktiké (cf. Pr., 1),<br />

que Evagro concebe como um”método” de educação, uma “disciplina”<br />

(methodos, de hodos, “via”). E, com efeito, Evagro apresenta de boa vontade a<br />

praktiké como uma “via” (cf. Intro.). O conceito, por conseguinte, é muito mais<br />

rico do que o termo erudito “método”, visto que ele expressa com muita exatidão<br />

toda a dinâmica interior da praktiké: “via” que “conduz” e “via” sobre a qual<br />

somos “conduzidos” (cf. in Ps., LXXVI, 21).<br />

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