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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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Para terminar, Evagro evoca ainda uma vez a lembrança desses homens aos<br />

quais ele tanto deve: o “justo Gregório” de Nazianze, “boca de Cristo” (Ep. fid.,<br />

I, 16), de quem foi diácono em Constantinopla e a quem permaneceu ligado pela<br />

amizade por toda a vida: testemunhos disto são, não apenas o testamento de<br />

Gregório, mas também uma carta de Evagro ao monge Eustatos por ocasião da<br />

morte do bispo em 390 (Ep., 21). E não é fruto do acaso se as imagens bíblicas<br />

do epílogo reaparecem em uma carta dirigida a Gregório:<br />

Durante longo tempo você guardou silêncio em relação anos, ó homem<br />

admirável, que um dia plantou em mim um ramo, e que, com suas cartas,<br />

regou-a com a delicadeza do coração. Mas talvez o tenhamos entristecido<br />

por não ter-lhe enviado uma cesto cheio das uvas de nossas cartas?<br />

Mas não fui eu a causa, mas sim aquele que, em seguida, plantou em mim<br />

um ramo de malícia e que cobriu de vergonha todos os que em mim<br />

trabalharam. Mas agora, que você se tornou um arauto da penitência,<br />

perdoe-me por have-lo negligenciado, coisa que prometo não mais fazer<br />

no futuro. (Ep., 46)<br />

Aqueles que “trabalharam” Evagro, são os “santos Padres” que então “regavam”<br />

no deserto: Macário o Grande e, sobretudo, seu homônimo, Macário o<br />

Alexandrino; também seu confessor, Albinus, e o “Vidente de Tebaida”, João de<br />

Licópolis. Aquele que “fez crescer”, entretanto, é Cristo, que<br />

...chamou das trevas [do pecado e da ignorância] para a santa e bemaventurada<br />

luz [do conhecimento]. (Ep., LVIII, 6; cf. 1 Pe., II, 9)<br />

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