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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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SOBRE O QUE ACONTECE NO SONO<br />

SOBRE O QUE ACONTECE NO SONO<br />

CAPÍTULO 54<br />

Quando, nas imaginações do sono, os demônios, atacando a parte<br />

concupiscente, nos fazem ver reuniões de amigos, banquetes de família,<br />

coros de mulheres e outros espetáculos do tipo geradores de prazer, e se<br />

acolhemos essas imagens distraidamente, é porque nestas partes estamos<br />

doentes e a paixão aí é forte. Quando, por outro lado, eles perturbam a parte<br />

irascível, forçando-nos a seguir caminhos escarpados, fazendo surgir<br />

homens armados, feras venenosas ou carnívoras, e ficamos então<br />

terrificados diante desses caminhos, e, perseguidos pelas feras e pelos<br />

homens, fugimos, então cuidemos da parte irascível, e, invocando Cristo em<br />

nossas vigílias, busquemos recursos nos remédios já mencionados.<br />

O confronto com os pensamentos e com os demônios que os atiçam estende-se<br />

não somente às horas do dia, passadas em estado de consciência, mas também no<br />

tempo do sono noturno, quando o subconsciente (como se diria hoje em dia)<br />

toma a frente. São os sonhos e outras fantasias noturnas, particularmente na<br />

medida em que fornecem informações sobre o “estado de saúde” da alma, que<br />

interessam ao “psicólogo” Evagro. Mas não encontraremos nele uma<br />

“interpretação dos sonhos” feita, ao modo antigo ou moderno, em função de seu<br />

conteúdo. Aqui, os sonhos dão indicação da “saúde da alma” (Pr., 56) ou sua<br />

“doença”, sem mais. Esta última acha-se evidentemente em primeiro plano,<br />

porque a praktiké trata da cura da alma.<br />

A ciência e a ignorância estão unidas ao nous, a epithymia é susceptível à<br />

castidade e à luxúria, e ao thymos costumam acorrer o amor e o ódio...<br />

(K.G., I, 84)<br />

Basta que a parte concupiscente (epithymia), conforme à sua destinação natural,<br />

não se incline para a virtude (cf. Pr., 86), mas esteja “doente” por toda sorte de<br />

desejos “do mundo”, “frustrados” ainda por cima (Pr., 10), e, á noite, o<br />

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