04.03.2018 Views

Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

OS OITO PENSAMENTOS<br />

A violência das tentações carnais leva facilmente à conclusão, sedutora, segundo<br />

a qual seria impossível a um homem jovem resistir à cobiça da carne (Ant., II, 4)<br />

e que neste domínio ele não seria culpado de suas falhas (Ant., II, 5). Nesta<br />

ordem de considerações, Evagro desvenda um pecado secreto do orgulho: nós<br />

pecamos malgrado nós mesmos e, por conseguinte, uma condenação provinda de<br />

Deus só poderia ser injusta (Ant., VIII, 16). Sobre a intensidade dessas tentações<br />

que chegam até a causar alucinações, não há necessidade de nos estendermos<br />

aqui. No Antirretikhos, Evagro fornece muitas descrições, algumas bem<br />

detalhadas, deste fenômeno tão geral quanto humano. Os remédios são<br />

fornecidos no capítulo 17.<br />

CAPÍTULO 9<br />

A avareza sugere uma velhice duradoura, a impotência nas mãos para o<br />

trabalho, as fomes que se produzirão, as doenças que virão, as amarguras da<br />

pobreza, a vergonha de receber das mãos de outrem aquilo de que se<br />

necessita.<br />

A avareza (literalmente: o “amor ao dinheiro”), vício que pode revestir-se das<br />

formas mais diversas (M.C., 22), é a “raiz de todos os males” (M.C., 23), a “mãe<br />

da idolatria” (Pr., Prol. [6]), e por isso mesmo uma atitude “pagã”, “totalmente<br />

estranha ao cristão”. Pois ela é “própria dos descrentes que rejeitam a<br />

Providência do Senhor e negam o Criador” (M.C., 5).<br />

Aquele que quer afastar as paixões, que extirpe a sua raiz. Pois a avareza<br />

subsiste, de nada adiante cortar-lhe os ramos: mesmo que sejam<br />

arrancados, eles rebrotarão. (O. Sp., [VII] 3, 2)<br />

Este vício, dizíamos, reveste-se das formas mais variadas e não se manifesta<br />

apenas, como aqui, no cuidado (não desprovido de fundamento) em assegurar os<br />

dias da velhice. Mas o traço comum de toda as manifestações de avareza é um<br />

egoísmo doentio ao qual tudo passa a ser subordinado, mesmo as relações interpessoais<br />

(Ant., III, 3, 5, ...), e notadamente o cuidado com aqueles que nos são<br />

confiados (Ant., III, 4, 6, 8, ...). Por exemplo, tudo é subordinado a uma mania<br />

56

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!