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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

CAPÍTULO 98<br />

Existe perto de Alexandria uma ilha situada na parte setentrional do lago<br />

chamado Maria; lá vive um monge, o mais experiente da armada dos<br />

gnósticos, que declarou que tudo o que os monges fazem é por cinco causas:<br />

Deus, a natureza, o costume, a necessidade e os trabalhos manuais. Ele dizia<br />

também que a virtude, por natureza, é uma, mas que ela toma uma forma<br />

específica em cada uma das potências da alma; com efeito, a luz solar,<br />

mesmo sendo sem forma, adquire naturalmente a forma das janelas pelas<br />

quais penetra.<br />

“O mais experiente da armada dos gnósticos” (ou seja, aquele que, ao final de<br />

uma ascese rigorosa, tornou-se digno do conhecimento de Deus), é sem dúvida<br />

Dídimo o Cego (+398). Ele vivia numa península do lago Mareotis, e Evagro,<br />

que o qualifica de “grande mestre gnóstico” (Gn., 48), deve ter conhecido<br />

pessoalmente este célebre erudito, renomado pela extensão do seu saber. Seu<br />

discípulo Paladio, em todo caso, fez-lhe muitas visitas (cf. H.L., IV, 1). O que<br />

Evagro nos lega aqui, é uma sabedoria de escola, cristianizada, como no capítulo<br />

89.<br />

Fazer qualquer coisa “por causa” de “Deus”, significa que fazemos o bem, por<br />

exemplo, exercendo a hospitalidade (cf. M.C., 7), não por causa dos homens ou<br />

por outro motivo, mas unicamente “por si mesma” (Pr., Prol., [3]). Pois somente<br />

Deus é bom e, portanto, também dispensador do bem (cf. Or., XXXIII, 31).<br />

O homem age “por causa” da “natureza” quando ele “ama seus filhos e honra<br />

seus pais” (Ep., XVIII, 1), por exemplo. São as “sementes naturais da virtude”<br />

(K.G., I, 40), que lhe foram dadas desde a origem à sua natureza criada e que a<br />

conduzem.<br />

“Costume”, “tradição” (M.C.r.l., 33) contemplam muitas coisas. Existem bons e<br />

maus hábitos. O que está em foco aqui, são esses bons costumes, a “regra<br />

habitual” (Pr., 40), que fixam o caminho ascético, como por exemplo as<br />

“orações habituais” (Or., 106-109; cf. M.C., 5),.<br />

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