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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

vagabundagem, depois de ter encontrado os incorpóreos que preenchem<br />

seus desejos espirituais. (M.C.r.l., 25)<br />

Para favorecer esta “firmeza” imóvel do intelecto (cf. Or., 2.72), Evagro<br />

aconselha “a leitura da Palavra de Deus” (Inst. Mon., 3). “Pois nada contribui<br />

tanto para a prece pura como a leitura” das divinas Escrituras (Ep., IV, 5), que<br />

“não apenas testemunham que Cristo é o Salvador do mundo, mas ainda que ele<br />

é o Criador dos séculos e, neles, do julgamento e da providência” (Ep., VI, 4); e<br />

que testemunham portanto este conhecimento que responde aos “desejos<br />

espirituais” do intelecto.<br />

Nada liberta (dos maus pensamentos) como a meditação das palavras (ou<br />

das “razões”, logoi) de Deus. Como a Lei traz em si os objetos de<br />

meditação espiritual, ela atrai para si o espírito que, por conseguinte, se<br />

desinteressa dos pensamentos. (in Ps., CXVIII, 92)<br />

É por isso que os monges, como todos os cristãos na origem, consagravam muito<br />

tempo à leitura e meditação das Escrituras. Como aprendemos pela Vita de<br />

Evagro, eles se dedicavam a isto sobretudo durante as vigílias da noite (Vita, J),<br />

exercício sem igual para “purificar” (Vg., 40) o espírito e torná-lo “leve” (Mn.,<br />

48), ou então bem cedo pela manhã.<br />

Desta pureza “recolhida” do espírito nasce então a oração em todo o<br />

desenvolvimento de seu significado, englobando tanto a regra cotidiana da prece<br />

como este “estado de oração” no qual o intelecto, numa contemplação<br />

desprovida de representações e de palavras, toma consciência da presença do<br />

Deus trinitário no “espelho” de si mesmo.<br />

***<br />

A parte concupiscente ilumina-se diante dos objetos sensíveis do mundo (Pr., 4).<br />

O jejum, os esforços ascéticos de todos os gêneros e o afastamento do mundo<br />

habitado (anacorese) ajudam a extinguir os desejos irracionais (Ep., LV, 3).<br />

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