Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf
Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?
Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?
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SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE<br />
CAPÍTULO 66<br />
O intelecto que, com a ajuda de Deus, teve sucesso na prática e que se<br />
aproximou da ciência, praticamente não sente, ou nada sente, da parte<br />
irracional da alma, pois a ciência o arrebata às alturas e o separa das coisas<br />
sensíveis.<br />
A controvérsia sobre a graça, provocada por Pelágio, quase não chegou ao<br />
Oriente cristão, que sempre conservou uma aguda noção de que o mistério da<br />
relação entre a graça de Deus e a obra do homem se situa na sinergia, a livre<br />
colaboração entre as pessoas.<br />
Depende de nós, com o poder de Deus, realizarmos a virtude; tornar-nos<br />
dignos do conhecimento espiritual, ao contrário, não depende de nós. (in<br />
Ps., XLIII, 4c)<br />
Assim, quanto mais o homem progride, maior se torna a parte de Deus nesta<br />
colaboração. Não que o homem perca sua importância, mas por causa da<br />
“harmonia das vontades” (Ep. Mel., 23), que não cessa de crescer até se tornar<br />
perfeita, a imagem da unidade entre o Pai e o Filho (Jo., VI, 38). Esta harmonia é<br />
o fruto da impassibilidade que Evagro havia definido como um “estado<br />
aprazível” (Pr., 57). Esta paz interior dos elementos da personalidade humana<br />
que agora estão de acordo (cf. Ep. Mel., 26) não pode mais ser atingida pelos<br />
demônios que estão fora.<br />
Somente diante da sabedoria os demônios são impotentes, porque eles não<br />
têm a capacidade de lançar seus pensamentos no coração daquele que se<br />
tornou sábio. Com efeito, o intelecto que é tocado pelas contemplações da<br />
sabedoria não é mais receptivo aos pensamentos impuros. (in Prov., III,<br />
15 1-2/G.30)<br />
Esses pensamentos impuros sobem, de fato, da parte irracional, passional, da<br />
alma até o intelecto e o “obscurecem” (Pr., 74). Agora o intelecto está livre para<br />
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