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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

O orgulho precipitou o arcanjo do alto do céu (cf. Is., XIV, 12), e como o<br />

raio o fez cair sobre a terra (cf. Luc., X, 18). (O. Sp., [XVIII] 8, 10)<br />

Evagro conhece muitos remédios contra esta tentação: a prece contínua (M.C.,<br />

15), uma vida de pobreza voluntária e, por isso mesmo, de dependência (M.C.,<br />

23), mas também a sensação de abandono espiritual, “abandono pedagógico, se<br />

podemos nos exprimir assim, da parte de Deus (Mn ., 62) – sensação que o<br />

homem pode prevenir sem se humilhar olhando de frente sua condição de<br />

criatura em toda sua radicalidade e sem comiseração para consigo mesmo.<br />

Porque você se ergue, ó homem, quando você não passa de “argila” (cf.<br />

Jó XXXIII, 6) e, por natureza, podridão? E porque levantar-se acima das<br />

nuvens? Observe sua natureza: você não passa de “terra e cinzas” (cf.<br />

Gn., XVIII, 27); um pouco mais, e você recairá no pó. Num momento, você<br />

faz o arrogante; um pouco mais, vêm os vermes. O que o faz endireitar a<br />

coluna (cf. Sl. LXXIV, 5)? Um pouco mais, e começa a decomposição.<br />

Grande é o homem que tem seu socorro em Deus: abandonado, ele<br />

reconhece a fragilidade de sua natureza. Você não tem nada que não lhe<br />

tenha vindo de Deus (cf. 1 Co IV, 7). Porque gabar-se daquilo que vem de<br />

outro como se fosse seu? Porque glorificar-se da graça de Deus como se<br />

fosse seu próprio bem? Reconheça o doador, e não se levante tão alto.<br />

Você é criatura de Deus, não renegue o Criador. Você recebe socorro de<br />

Deus, não renegue seu Benfeitor. Você alcançou o cume do seu estilo de<br />

vida, mas foi ele que o conduziu até aí. Você se manteve virtuoso, mas foi<br />

ele que agiu. Confesse aquele que o levantou, a fim de permanecer firme<br />

no cume. Você é homem: fique dentro dos limites da sua natureza.<br />

Reconheça os que são de sua raça: eles são da mesma essência. Com sua<br />

jactância, não negue seu parentesco. A humildade faz o homem subir até o<br />

céu, e o predispõe a fazer parte do coro dos anjos. (O. Sp., [XVIII e supl.]<br />

8, 11)<br />

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