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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

suicida, mesmo por motivos supostamente “espirituais” (Ant., I, 37). E com<br />

razão, pois todos esses exageros, que fazem pouco caso das regras aprovadas<br />

pelos irmãos, provêm do Maligno. Assim, o demônio da gula, justamente,<br />

estimula um jejum excessivo ao monge que não conseguiu enganar de outro<br />

modo, a fim de minar sua saúde e assim atingir seu objetivo.<br />

Mas o adversário da verdade, o demônio da acídia, imita também aquele<br />

demônio (o da gula) quando sugere a mais alta anacorese àquele que é<br />

perseverante, provocando-o a rivalizar com João Batista e Antônio,<br />

primícias dos anacoretas. Desta sorte, não suportando mais a longa e<br />

desumana anacorese, ele foge vergonhosamente e abandona seu posto,<br />

enquanto o demônio pode daí para diante vangloriar-se, dizendo: “Eu<br />

prevaleci contra ele!” (Sl. XII, 5). (M.C., 25)<br />

Em lugar desses exageros – de que está cheia a antiga literatura monástica – é<br />

preciso se agarrar à experiência dos Padres mais reputados e, como nos ensina<br />

Macário neste capítulo, manter o corpo em boa saúde como garantia de uma<br />

abstinência sempre igual. Isto, bem entendido, sem se tornar presa das angústias<br />

descritas no capítulo 7. A justa medida jamais faltará a quem não perde de vista<br />

a relatividade da vida, assim como o valor de um corpo em boa saúde.<br />

CAPÍTULO 30<br />

É difícil escapar ao pensamento da vanglória, pois aquilo mesmo que você<br />

faz para se desembaraçar dele se torna para você um novo motivo de<br />

vanglória. Não é a todos os nossos pensamentos direitos que os demônios se<br />

opõem; mas, a alguns [dentre eles] são também os próprios vícios com que<br />

somos afetados.<br />

Evagro retorna aqui à “sutileza” do demônio da vanglória (cf. supra capítulo 13),<br />

pois ela é verdadeiramente digna de nota.<br />

Eu fico espantado com a habilidade dos demônios, quando vejo como eles<br />

tiram partido de tudo. O cilício lhes serve para a vanglória, e também os<br />

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