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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIBILIDADE<br />

SOBRE O ESTADO PRÓXIMO DA IMPASSIBILIDADE<br />

CAPÍTULO 57<br />

Existem dois estados aprazíveis na alma: um provém das sementes naturais,<br />

outro resulta da retirada dos demônios. O primeiro é acompanhado da<br />

humildade e da compunção, das lágrimas, de um desejo infinito do Divino, e<br />

de um zelo desmedido pelo trabalho; no segundo, a vã glória, acompanhada<br />

do orgulho, aproveita-se da desaparição dos outros demônios para arrastar<br />

o monge à sua perda. Aquele que observa os limites do primeiro estado<br />

reconhecerá rapidamente as incursões dos demônios.<br />

Os capítulos 57 a 62 tratam dos “confins” da impassibilidade, ou seja de todos os<br />

“indícios” pelos quais podemos reconhecer que nos aproximamos do estado de<br />

“paz” (in Ps., CXLIII, 1a; CXLVII, 3b). Este discernimento é tanto mais<br />

importante na medida em que os próprios demônios sabem imitar a<br />

impassibilidade para confundir.<br />

A impassibilidade é um estado tranquilo da alma racional, feito de doçura<br />

e temperança. (Sk., 3)<br />

É a paz, total ou parcial (cf. Pr., 60), que se segue ao final do combate contra os<br />

demônios e as paixões. Ela resulta da colaboração entre a graça de Deus e o zelo<br />

do homem (cf. in Ps., XVII, 21b), o qual tem suas raízes na “sementes naturais<br />

da virtude” (in Ps., CIIIVI, 7), que o Criador semeou no princípio na “terra” da<br />

alma (Ep., XVIII, 2 e.a). E como estas sementes são “indestrutíveis” (K.G., I,<br />

40), dependerá inteiramente do zelo do homem oferecer-lhe ou não o espaço<br />

para seu livre crescimento.<br />

Que este estado de verdadeira paz provenha em consequência das sementes<br />

naturais da virtude, é fácil de constatar por seus frutos. Evagro cita alguns aqui,<br />

valendo a parte pelo todo. Mas o mesmo acontece com a contrafação demoníaca<br />

dessa paz, que não pode negar seu nome: O “broto da malícia” (Ep., 46). Pois<br />

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