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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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OS OITO PENSAMENTOS<br />

cessa de bocejar e cochila com frequência. Ele esfrega os olhos,<br />

espreguiça-se, e tirando os olhos do livro mira a parede. Depois ele<br />

retorna a si e lê um pouco. A seguir, folheia (o livro) para descobrir o<br />

final do texto. Ele conta as folhas, enumera os cadernos, critica a escrita e<br />

a ornamentação. Finalmente, ele fecha o livro, pousa sobre ele a cabeça e<br />

dorme um sono pouco profundo, pois a fome acaba por despertar sua<br />

alma e lhe devolve suas preocupações. (O. Sp., [XIV] 6, 14.15).<br />

Os remédios referentes a este vício atemporal encontram-se nos capítulos de 27<br />

a 29.<br />

CAPÍTULO 13<br />

O pensamento da vanglória é um pensamento muito sutil que se dissimula<br />

facilmente entre os virtuosos que desejam publicar suas lutas e que<br />

perseguem a glória que vem dos homens. Ele faz o monge imaginar<br />

demônios gritando, mulheres curadas, uma multidão que toca seu manto;<br />

ele prediz mesmo que logo o monge se tornará mestre, e faz surgir à sua<br />

porta pessoas que vêm buscá-lo; se ele se recusar, levá-lo-ão amarrado.<br />

Tendo-o exaltado assim por meio de esperanças vãs, ele se vai e abandona o<br />

monge às tentações, seja do demônio do orgulho, seja do da tristeza, que<br />

introduz nele outros pensamentos, contrários às suas esperanças. Às vezes<br />

ele chega a entregá-lo ao demônio da fornicação, ele que, num instante<br />

atrás, era um santo padre, que tinha que ser levado amarrado!<br />

A vanglória, um desses vícios da alma que nascem da frequentação dos homens<br />

(cf. Pr., 35), é uma tentação típica dos “perfeitos”, pois ela sobrevem após a<br />

retirada dos outros demônios (cf. Pr., 31). A vanglória pressupõe um público: a<br />

pessoa não faz o bem por si mesmo, como seria normal (Pr., Prol. [3]), mas o faz<br />

quando e onde pode ser vista (M.C. 3), e de modo a que todos saibam.<br />

Uma vez obtida a glória, imagina-se uma carreira mais brilhante ainda, como<br />

sacerdote (Ant., VII, 26), no caso que tratamos aqui. Tentação típica entre os<br />

primeiros monges que em geral eram leigos A regra era que os monges deviam<br />

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