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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

pessoa, Cristo, e seu fim é o restabelecimento da relação pessoal entre o Criador<br />

e sua criatura.<br />

CAPÍTULO 79<br />

A ação dos mandamentos não é o bastante para curar perfeitamente as<br />

potências da alma, se as contemplações que os acompanham não se<br />

sucederem no intelecto.<br />

A guarda dos mandamentos purifica o intelecto (cf. Ep., XXIX, 2) e o torna<br />

impassível (cf. Ep., XLIII, 1), o que vem a ser o sentido e a essência do “método<br />

espiritual” da praktiké (Pr., 78). Entretanto, a “cura perfeita” da alma racional<br />

não atinge somente sua parte passional, mas deve também alcançar a parte<br />

racional, ou seja que ela deve restabelecer a harmonia entre as três potências da<br />

alma (cf. Pr., 86). A saúde não estará perfeitamente restabelecida a menos que<br />

também o intelecto possa se dedicar sem problemas à atividade que lhe é<br />

própria, o conhecimento. Em outros termos, ele deve ser libertado de seu vício: a<br />

“ignorância” (agnoia) (K.G., I, 84), o desconhecimento (agnosia), se ele não<br />

quiser se defender às cegas, como “quem combate à noite” (Pr., 83), mas se<br />

quiser, “com ciência” (Pr., 50), ter sucesso na praktiké. Este “conhecimento<br />

prático” que resulta da prática das virtudes (cf. in Ps., CXVIII, 159) é portanto<br />

aqui de uma necessidade urgente: é porque a simples ascese não basta.<br />

Somente quando for julgado digno do conhecimento o intelecto será<br />

libertado dos pecados em pensamento. Pois a praktiké não elimina as<br />

representações do coração, mas [apenas] as representações passionais. O<br />

conhecimento, ao contrário, afasta também as representações [em geral].<br />

Precisamente a partir do momento em que o intelecto receber suas<br />

próprias contemplações, ele se desembaraçará dos pensamentos enviados<br />

pelo adversário. (in Ps., CXXIX, 8e)<br />

Estas “contemplações que lhe são próprias” (cf. Ep., LXIII, 38) têm por objeto,<br />

por exemplo, as “razões da guerra” (Pr., 83) contra dos demônios, o que equivale<br />

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