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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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INSTRUÇÕES<br />

Estrangeiro é aquele para quem o que pertence ao mundo é estranho<br />

(Sent., 14)<br />

CAPÍTULO 53<br />

Aqueles que cometem o erro de nutrir sua carne e que “cuidando dela,<br />

excitam seus desejos”, que se agarrem a si mesmos e não a ela. Pois só<br />

conhecem a graça do Criador aqueles que, por meio deste corpo, obtiveram<br />

a impassibilidade da alma e percebem numa certa medida a contemplação<br />

dos seres.<br />

O desejo de “deixar a morada do corpo” (2 Co. V, 8) pode ter duas motivações.<br />

De um lado, como em Paulo, o desejo de “permanecer junto ao Senhor”; de<br />

outro, uma posição errônea, feita de desprezo pelo corpo. Evagro trata aqui da<br />

segunda.<br />

Àqueles que blasfemam contra o Criador e falam mal deste corpo de nossa<br />

alma, quem mostrará a graça que receberam, por terem sido unidos a<br />

semelhante organon? (K.G., IV, 60)<br />

Evagro objeta aos Maniqueus, detratores do corpo:<br />

Não cabe a todos dizer: “Faça sair da prisão a minha alma” (Sl. CXLI,<br />

8), mas apenas àqueles que podem, graças à pureza de seus coração,<br />

dedicar-se, mesmo sem o corpo, à contemplação dos seres criados. (in Ps.,<br />

CXLI, 8e)<br />

Os “corações puros” (Mt., V, 8), são aqueles que adquiriram a impassibilidade<br />

(cf. Ep., XII, 2), e graças, precisamente, ao seu “corpo prático” (cf. K.G. III, 45<br />

e.a) que lhes serve de “instrumento” (organon) para o “exercício” (praktiké) das<br />

virtudes (cf. Ep., LVII, 4), por meios dos quais se adquire a impassibilidade (cf.<br />

Pr., 81).<br />

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