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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

farão de tudo para que a parte irascível combata os homens, o que é oposto à sua<br />

natureza.<br />

Mas não existe absolutamente cólera justa contra o próximo. (Or., 24)<br />

Devemos amar cada “imagem de Deus” quase com o mesmo amor com que<br />

amamos o protótipo, “mesmo quando os demônios tentam enxovalhá-la” (Pr.,<br />

89), tornando-a detestável – aparentemente. Pois a raiva jamais diz respeito ao<br />

pecador: ela diz respeito ao pecado. Pois, enquanto “imagem de Deus”, o<br />

pecador sempre permanece digno de ser amado (in Ps., CXVIII, 113).<br />

Agora, sabemos que Evagro tirou esta doutrina espiritual de seu “grande<br />

preceptor e doutor” (Or., Prol.) Macário o Egípcio, cujo amor pelo próximo –<br />

uma longanimidade verdadeiramente “divina” – tornou-se proverbial (cf.<br />

Macaire, 32). Um de seus ditos apresenta-se aliás como uma réplica exata do<br />

presente capítulo:<br />

O abade Macário disse: “Se nos lembrarmos dos males que nos fizeram os<br />

homens, suprimimos a força da lembrança de Deus. Mas se nos<br />

lembrarmos dos males feitos pelos demônios, estaremos imunes.”<br />

(Macaire, 36)<br />

CAPÍTULO 94<br />

Fui visitar, em pleno meio-dia, o santo padre Macário e, queimando de sede,<br />

pedi para beber um pouco de água. “Contente-se com a sombra, disse-me<br />

ele, pois muitos dos que agora caminham ou navegam não tem sequer isto”.<br />

Em seguida, como eu lhe falasse da abstinência: “Coragem, meu jovem!,<br />

disse ele. Durante vinte anos inteiros, eu não tive o bastante nem de pão,<br />

nem de água, nem de sono. De fato, eu pesava o pão, media a água de beber<br />

e, apoiando-me contra a parede, roubava uma pequena parte do sono.”<br />

Não se trata aqui de Macário o Grande, mas de seu homônimo Macário o<br />

Alexandrino, o Cidadão (+394). Em outra parte, Evagro o chama ainda de<br />

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