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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONTRA OS OITO PENSAMENTOS.<br />

Pesada, a tristeza, e intolerável, a acídia. Mas as lágrimas diante de Deus<br />

são mais poderosas do que as duas juntas. (Vg., 39)<br />

Estas lágrimas, entretanto, não são mudas: elas são acompanhadas das palavras<br />

consoladoras de Davi o Salmista. Através dela, nós semeamos em nós mesmos<br />

as “boas esperanças”, ou seja, como diz Evagro, a “espera” cheia de esperança<br />

“do verdadeiro conhecimento” (in Ps., 4,6). Na linguagem codificada do<br />

simbolismo bíblico, o texto a seguir permite pressentir o sentido que pode ter a<br />

repetição meditativa das palavras do salmo. Ao mesmo tempo, torna-se<br />

inteligível a natureza desta saída maravilhosa para uma tentação tenaz como a<br />

acídia, tal como já podíamos pressentir no capítulo 12.<br />

Mas se alguma acídia nos sobrevém depois do trabalho, corramos<br />

depressa para a pedra do conhecimento (cf. Hab., II, 1), tomemos a lira do<br />

saltério, tocando com as virtudes as cordas do conhecimento; e façamos<br />

pastar outra vez o rebanho ao pé do monte Sinai, a fim de que “o Deus de<br />

nossos pais” nos chame também da sarça, e que ele nos dê “as razões dos<br />

sinais e dos prodígios” (Sl., CIV, 27). (M.C., 18)<br />

Assim, a batalha contra a acídia é verdadeiramente portadora de “boas<br />

esperanças”, pois ela é seguida de “uma alegria aprazível e uma felicidade<br />

inefável” (Pr., 12), ambas sinais de que o homem tornou-se digno da<br />

“impassibilidade (Pr., 57) e que ele está próximo dos “confins da oração” (Or.,<br />

62). Daqui bem diante, ele “confessa a Deus, “a salvação de sua face” (Sl. XLI,<br />

6) e lhe rende graças por haver conhecido seus “caminhos” de salvação<br />

escondidos na história da criação.<br />

Não é por acaso que Evagro fala aqui em “encantação” de Davi. A salmódia,<br />

com efeito, participa da “sabedoria multiforme de Deus” (Efe., III, 10; cf. Or.,<br />

85), que se reflete na criação, em sua ordem judiciosa, e em sua orientação tendo<br />

em vista a salvação de todos (cf. Pr., 69). Ela revela “os caminhos de Deus” que<br />

conduzem toda a criação para a salvação eterna.<br />

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