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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

a dizer todo o domínio – e ele é vasto – “do julgamento e da providência” de<br />

Deus, em que estão contidos os mistérios do ser criado.<br />

CAPÍTULO 80<br />

Não é possível nos opormos a todos os pensamentos que nos são inspirados<br />

pelos anjos, mas é possível afastar todos os pensamentos inspirados pelos<br />

demônios. Os primeiros pensamentos são seguidos por um estado aprazível,<br />

os segundos por um estado de perturbação.<br />

Tanto os anjos como os demônios nos inspiram seus pensamentos (cf. Pr., 76). E<br />

está em nosso poder afastar os maus pensamentos: é o que Evagro afirma já no<br />

capítulo 6. Mas como se pode dizer que é impossível “nos opormos a todos os<br />

pensamentos inspirados pelos anjos”? Antes de tudo, porque nossas relações<br />

com o bem e, conforme o caso, com o mal, não são do mesmo tipo.<br />

Quando fomos produzidos no princípio, as sementes de virtude<br />

encontravam-se naturalmente em nós, sem nenhuma malícia. Não se trata,<br />

com efeito, de que esteja apenas em nós a possibilidade daquilo a que<br />

somos susceptíveis, porque, embora possamos não ser, a possibilidade de<br />

não ser não está em nós, se as possibilidades são qualidades e aquilo que<br />

não é tampouco é uma qualidade. (K.G., I, 39)<br />

Este fato, fundamental para Evagro, e ao qual ele retorna muitas vezes, tem<br />

consequências bastante concretas em relação aos “pensamentos”:<br />

Ao pensamento demoníaco opõem-se três pensamentos que o afastam se<br />

ele não se demorar no espírito: o angélico, o que provém de nosso livre<br />

arbítrio, que tende para o bem, e aquele que nasce da natureza humana,<br />

segundo a qual os pagãos são levados a amar seus próprios filhos e a<br />

honrar seus antepassados. Ao bom pensamento, somente dois pensamentos<br />

se opõem: o demoníaco e aquele que provém de nosso livre arbítrio, que<br />

tende para o mal. Da natureza não nasce nenhum pensamento mau. No<br />

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