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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

de escolha ligada ao livre arbítrio (cf. Eccl., VI, 10-12/G.52), abuso que se pode<br />

qualificar, consequentemente, como falta de fé. Ao contrário da fé, com efeito,<br />

este consentimento do mal não é conforme a razão, porque ele não corresponde<br />

ao sentido desta liberdade que é precisamente o consentimento do bem. A menos<br />

que o saber limitado da criatura lhe sirva de desculpa?<br />

... a fé é o consentimento daquilo que não compreendemos. (in Ps.,<br />

CXXIX, 4-5)<br />

Esta “definição”, que se apoia em Heb., XI, 1, sublinha o aspecto existencial do<br />

ato de fé: a fé é o dom total da pessoa enquanto criatura do Criador. Esta é a<br />

razão pela qual a fé, como todo conhecimento (cf. in Ps., LXX, 14 e.a),<br />

ultrapassa o entendimento da criatura, pois tanto aquilo em que se crê como<br />

aquilo que se conhece, é “incompreensível”.<br />

O conteúdo da fé – que Evagro também chama de “virtude prática” primeira e<br />

fundamental – é a existência de Deus (cf. in Ps., LXIV, 6) como já afirmava são<br />

Paulo (Heb., XI, 6). Graças à sua criação, justamente, o homem é “naturalmente<br />

“ apto a este consentimento da criatura à existência de Deus. É um<br />

consentimento livre, racional, sensato, mesmo quando ultrapassa seu<br />

entendimento.. Esta é a “fé direita”, a única que atinge seu objetivo natural.<br />

Num outro contexto, Evagro sublinha ainda que esta “fé direita” faz parte<br />

integrante da história da salvação, por exemplo quando ele a aproxima da “fé<br />

[pessoal] do batismo” daquele que recebeu o “selo espiritual” (Mn., 24). Ela se<br />

concretiza na “fé em Cristo” (Ep., 14), em que Deus se revelou, e na “verdadeira<br />

fé na Santíssima Trindade” (Ep., LXI, 2), enquanto revelação definitiva de Deus<br />

sobre si mesmo. É no “conhecimento da Trindade adorada” que esta “fé direita”<br />

atinge sua perfeição.<br />

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