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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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Pois depois vêm o “conhecimento natural” (physiké) – ou conhecimento das<br />

naturezas criadas, pelo qual Deus é conhecido no “espelho” de suas criaturas – e<br />

a “teologia”, que consiste no conhecimento pessoal do próprio Deus, sem<br />

intermediários. Juntos, eles constituem o estágio da “contemplação” (theoretiké)<br />

ou do “conhecimento” (gnostiké), quando o homem se torna “contemplativo”<br />

(theoretikos) ou “gnóstico” (gnostiké).<br />

O gnostikos é um trabalhador que recebe seu salário no próprio dia. (Sk.,<br />

32)<br />

O “caminho das virtudes” torna-se assim para o homem um “caminho de vida”,<br />

porque ele conduz ao conhecimento (in. Prov., XV, 24/G.142); ora, segundo<br />

João, XVII, 3, o conhecimento é “vida eterna” (in Ps., XCIV, 11).<br />

Por mais longe que o homem possa chegar em seus momentos de graça (aquilo<br />

que Evagro denomina “estado de oração”), sobre a terra seu conhecimento de<br />

Deus é e permanece parcial. A “beatitude última” lhe é reservada para o<br />

eschaton, quando ele conhecerá a Deus “face a face” (1 Co XIII, 12): Deus,<br />

então, será “tudo em todos” (1 Co, XV, 28).<br />

2.3. O “método”: uma “sequência”<br />

Por global que possa ainda parecer esse método – que bebe em grande parte dos<br />

tesouros da tradição filosófica antiga – seria um erro crer que ele representa um<br />

método de “auto-redenção”. Como toda a tradição cristã, Evagro sabe que o<br />

homem nada pode por si mesmo.<br />

“Ele dirigiu-se a mim do alto e me resgatou... ele me libertou de inimigos<br />

poderosos e dos que me ameaçavam...” Com isto vemos que antes da<br />

vinda do Salvador os demônios eram mais fortes do que nós. Mas agora<br />

somos mais fortes do que eles. Pois o Senhor nos permitiu “pisar as<br />

serpentes e os escorpiões, e todos os poderes do inimigo” (Lc, X, 19). (in<br />

Ps., XVII, 17-18)<br />

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