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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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PRÓLOGO<br />

PRÓLOGO<br />

[1] Você escreveu-me recentemente da Santa Montanha, bem amado irmão<br />

Anatolios, para me pedir, a mim que resido em Ceta, que explique o<br />

simbolismo das vestes dos monges egípcios; você pensou, com efeito, que<br />

não é por acaso nem sem razão que elas são diferentes das vestimentas dos<br />

outros homens; vamos então ensinar-lhe tudo o que aprendemos dos santos<br />

Padres a este respeito.<br />

Evagro inicia seu tratado “A vida prática” com um detalhe aparentemente sem<br />

importância: o vestuário dos monges egípcios. Porém, não é o vestuário<br />

enquanto tal, tão diferente dos demais homens, que lhe interessa, e tampouco a<br />

Anatolios, mas sim o simbolismo que se oculta nesta diferença. Se observarmos<br />

mais de perto, veremos que Evagro associa a peculiaridade de cada peça da<br />

vestimenta a uma virtude, ou, segundo o caso, ao vício que lhe é oposto.<br />

Aparece aqui, mas em ordem inversa, o catálogo quase completo dos oito<br />

principais vícios. Mais adiante a coisa será detalhada. São expressamente<br />

citados: o orgulho, a vanglória, a impureza e a avareza. Se não é mencionada<br />

explicitamente, a cólera não deixa de estar presente, através de seu antônimo, a<br />

mansidão. Em outros termos, o simbolismo da veste monástica encerra já in<br />

nuce os elementos fundamentais da doutrina espiritual da praktiké, cujo objetivo<br />

é precisamente a purificação destes vícios.<br />

“Não louve as vestes de um cristão, mas a nobreza de sua alma”<br />

( Sent., 22)<br />

Entretanto não é sem razão que se diz que a bela plumagem faz belo o pássaro.<br />

Pois através de suas roupas, queira ou não, manifesta as suas convicções. Por<br />

suas vestes – insólitas para seus contemporâneos, que as consideravam bem<br />

estranhas – os monges lembravam os profetas: por toda parte, Elias era<br />

reconhecido por suas roupas características (4R I, 8), assim como João Batista<br />

(Mt III, 4).<br />

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