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Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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2.7. “Vias do Senhor” e “caminhos de Deus”<br />

Mas Evagro não se detém neste ideal facilmente estóico, mesmo profundamente<br />

cristianizado, do “homem perfeito”, harmoniosamente equilibrado. A aposta é<br />

muito mais importante!<br />

O Senhor ama tanto o praktikos como o theoretikos, mas o theoretikos<br />

mais do que o primeiro...(in Ps., LXXXVI, 2)<br />

É porque os praktikoi encontram-se ainda no “pátio da casa de Deus”, enquanto<br />

que os theoretikoi, os contemplativos, estão já no interior da “casa do Senhor”<br />

(in Ps., CXXXiii, 1). Pois a apatheia é verdadeiramente a “flor da praktiké” (Pr.,<br />

81), mas seu “termo”, o fruto desta flor, “é a caridade” (Pr., 84): como uma<br />

“porta’, ela abre o caminho para a physiké e para a theologiké (Pr., Prol. [8]).<br />

“Pois é na proporção de nossa impassibilidade que seremos julgados dignos de<br />

recebermos esta ciência” (in Prov., XIX, 17/G.199), conhecimento indireto de<br />

Deus na physiké, e direto, “místico”, na theologiké.<br />

Os caminhos do Senhor são as virtudes práticas, que nos conduzem ao<br />

Reino dos Céus.(in Ps., XCIV, 11)<br />

“Reino dos Céus” é um termo simbólico (Pr., 2) para Evagro: ele significa a<br />

“contemplação dos seres” (K.G., V, 30), ou seja o conhecimento da origem, da<br />

queda e da redenção da criação graças à obra salvífica de Cristo. É por isso que<br />

ele também pode ser chamado de “Reino de Cristo” (Ep. Fid., VII, 22s.)<br />

Se as “virtudes práticas” nos conduzem ao “Reino dos Céus”, é de certa forma a<br />

partir de nós que elas concernem “a “via”. Mas o que torna possível uma tal<br />

aproximação de Deus pelo homem acha-se oculto na história da salvação, no<br />

Antigo e no Novo Testamento, onde o próprio Deus aproxima-se do homem para<br />

abrir-lhe este caminho até Ele.<br />

Aplicando-nos sempre aos mandamentos, chegamos a conhecer os<br />

“caminhos de Deus” (a Lei e os Profetas), que nos conduzem ao caminho<br />

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