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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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SOBRE OS SINAIS DA IMPASSIBILIDADE<br />

LXVIII, 29 e.a), e “iluminar” significa “dotar de conhecimento” (cf. in Ps.,<br />

XXXIII, 6), pois “Deus é luz” (1 Jo., I, 5; cf. K.G., I, 35) e ele é “o<br />

conhecimento essencial” (cf. in Ps., XXIV, 7e).<br />

Dado que o intelecto foi criado “à imagem de Deus” (Gn., I, 27), ele também<br />

possui uma “luz” de conhecimento que lhe é “própria”, não por ser “essencial”<br />

entretanto, mas por ser “recebida”, como uma “lamparina” (in Ps., XVII, 29).<br />

Purificado das paixões e “renovado pelo conhecimento” (Col. III, 10; cf. M.C.,<br />

15), no momento de graça do “estado de oração”, o intelecto contempla em si<br />

mesmo, com seu “olho direito” e “como em um espelho” (Inst. Mon., Suppl., 13)<br />

a luz benfazeja da Santíssima Trindade (M.C.r.l., 42). Em outros termos, ele<br />

toma consciência de si mesmo enquanto “imagem de Deus”, “lugar” da presença<br />

– pela graça – do Deus trinitário.<br />

Quando o intelecto, “depois de haver se despojado do velho homem”,<br />

“revestir-se” daquele da graça (Efe., IV, 22-24), então ele verá seu<br />

próprio estado no momento da prece “semelhante à safira ou a uma cor<br />

celeste”, que a Escritura chama de “lugar de Deus”, visto pelos antigos<br />

sobre o monte Sinai (Ex., XXIV, 9ss). (M.C., 18)<br />

A prece torna-se aqui o sacramento da beatitude por vir: revelação da Pessoa de<br />

Deus na pessoa do homem.<br />

***<br />

Evagro cita ainda dois indícios da apatheia: a calma diante dos fantasmas<br />

noturnos (cf. Pr., 54; Or., 139) e a liberdade em relação aos objetos deste mundo.<br />

Assim como um espelho permanece intocado pelos objetos que são vistos<br />

nele, também a alma impassível [permanece intocada] pelas coisas que<br />

estão sobre a terra. (K.G., V, 64)<br />

Não são os objetos em si, é claro, que a “tocam”, pois eles são criaturas de Deus,<br />

mas são as paixões (cf. in Ps., CXLV, 8b), que fazem mau uso desses objetos e<br />

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