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Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

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como de outro, não é nem a “ortodoxia” nem a “heterodoxia” de suas doutrinas,<br />

mas sua inacessibilidade a um espírito que proceda exclusivamente segundo as<br />

normas da críticas histórica.<br />

Evagro não pensa de outra forma. Numa carta, ele remete esta razão, a<br />

“dialética”, ao seu lugar: somente o “coração puro” é apto à contemplação (Ep.,<br />

62). Quanto às intelecções adquiridas na contemplação, a mística não pode falar<br />

delas senão com o auxílio de conceitos inadequados, por serem emprestados às<br />

realidades materiais, enquanto que Deus é imaterial (cf. in Eccl., V, 1-2/g.35).<br />

Na “Carta a Anatolios” (Pr., Prol. [9]), existe uma asserção que é preciso<br />

considerar (concernente sobretudo aos Képhalaia Gnostica), a saber que muitas<br />

coisas ditas ali são (de propósito) “obscuras” e “veladas”. Para aqueles que<br />

“caminham sobre os passos” dos Padres, no entanto, tudo é claro e luminoso.<br />

Este discurso, que emana de dois místicos tão representativos, contém ao mesmo<br />

tempo uma advertência e um convite: uma advertência, sobretudo contra uma<br />

tentativa puramente superficial de captar o inapreensível, mas também um<br />

convite a se deixar captar existencialmente por ele. A via a ser tomada será<br />

exatamente a Praktiké, à qual é consagrado o texto.<br />

1.2. A obra: os cem capítulos do Praktikos<br />

Como a maior parte das obras de Evagro, o Praktikos é também, se podemos<br />

dize-lo, um texto de circunstância cujo desenvolvimento progressivo ainda se<br />

pode discernir. Os capítulos de 6 a 90 constituem certamente uma base mais<br />

antiga. Mais tarde, os capítulos de 91 a 100 foram primeiramente anexados<br />

como “apêndice documental” quando Evagro reagrupou três escritos (Praktikos,<br />

Gnostkos e Kephalaia Gnostika) – originalmente independentes – em uma<br />

trilogia dedicada a seu amigo e benfeitor Anatolios. Os capítulos da introdução<br />

de 1 a 5 foram colocados na frente deste novo arranjo, mais extenso; a carta de<br />

envio a Anatolios faz papel de prólogo ao conjunto, e seu final serve de epílogo<br />

ao Praktikos.<br />

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