04.03.2018 Views

Evagrio-Pontico-Tratado-Practico-pdf

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto. De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

Evagro pertence a esta categoria de homens – relativamente frequente na história da Igreja – que conheceram um destino contraditório sob mais de um aspecto.
De início homem do mundo, torna-se humilde Padre do deserto. Quando vivo, foi tido em grande estima, para depois, muito tempo após sua morte, vir a ser desacreditado. “Pai de nossa literatura espiritual (O. Chadwick), mas cuja obra, ou quase toda ela, não foi logo transmitida senão por meio de traduções ou sob nomes emprestados... Quem então foi este homem?

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSIDERAÇÕES PRÁTICAS<br />

No estado escatológico da “unicidade” entre Criador e criatura (cf. Ep. fid., VII,<br />

54ss; Ep. Mel., 27), “Deus será tudo em todos” (1 Co., XV, 28; cf. Ep. Mel., 22),<br />

uma “paz indizível” reinará, e “de sua insaciabilidade” a criatura salva “saciarse-á”<br />

(K.G., I, 65) por toda a eternidade (cf. Ep. Mel., 63). “Beatitude final”, de<br />

que Evagro fala em seu Prólogo (Pr., Prol., [8]).<br />

CAPÍTULO 88<br />

As coisas que, conforme o uso, são boas ou ruins, são produtoras das<br />

virtudes e dos vícios. Cabe assim à prudência utilizar-se delas em vista de<br />

um destes dois fins.<br />

Ao oposto de todo e qualquer hostilidade maniqueísta para com a criação –<br />

como já tivemos ocasião de ver – Evagro insiste em frisar que nada do que existe<br />

é mau em si (cf. in Ps., CXLV, 8b); que sequer o demônio é mau por natureza<br />

(K.G., IV, 59). São apenas os vícios que alienam tudo pelo mau uso (Pr., 37).<br />

Mas o inverso também é válido:<br />

Nó fazemos o bem pelo uso oportuno daquilo que nos foi dado por Deus; é<br />

com efeito deste modo que “tudo será bom no seu momento apropriado”<br />

(Ec., III, 11), e que ele “viu que tudo era bom” (Gn., I, 31). (in Eccl., III,<br />

3/G.16)<br />

E isto não é válido somente para as coisas da criação em geral, mas<br />

especialmente para nossa “alma racional” e suas três faculdades, sem as quais<br />

não poderíamos agir.<br />

Se toda malícia é engendrada pela inteligência, pelo thymos [irascível] e a<br />

epithymia [concupiscente], e se nos é possível utilizarmos estas potências<br />

para o bem ou para o mal, é evidente portanto, que será pelo uso contra a<br />

natureza destas partes que nos acontecem os males. E se isso é verdade,<br />

não há nada criado por Deus que seja mau. (K.G., III, 59)<br />

180

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!